Rose Sertório, orientadora educacional do Rio Branco, dá dicas para os pais estimularem os filhos a serem mais autoconfiantes e autônomos
Desde muito nova, a criança já manifesta seus desejos, vontades e necessidades. No entanto, muitas vezes, os pais, por medo e excesso de cuidado, acabam não estimulando os filhos a desenvolverem a autonomia que cada faixa etária necessita.
Rose Sertório, orientadora educacional da Educação Infantil na Unidade Granja Vianna do Colégio Rio Branco, aconselha que os adultos busquem equilibrar proteção e autonomia. Para isso, é necessário deixar que os filhos aprendam sozinhos e façam suas próprias tentativas. Os pais devem confiar no potencial dos pequenos e encorajá-los a explorar novos ambientes, colocando-se na posição de acompanhamento, mas sem interferir a todo momento.
"A própria criança dá pistas, é só observar a alegria quando consegue comer sozinha ou tirar um sapato, e acreditar o quanto ela pode e consegue realizar as suas tarefas", afirma a especialista.
Ao permitir que a criança desenvolva a sua autonomia, mostramos respeito e extraímos delas toda a sua potência. Rose destaca alguns benefícios disso:
- Desenvolver a capacidade de tomar decisões e se responsabilizar por elas;
- Aprender a manifestar melhor os sentimentos;
- Estimular habilidades de resolução de conflitos, resiliência, memória, criatividade, capacidade de planejamento e execução de tarefas;
- Ajudar a lidar com as frustrações e se sentir mais autoconfiante.
"Importante ressaltar que desenvolver a autonomia não tem relação com permitir que a criança faça o que quiser, pois sabemos que a liberdade sem disciplina é um grande complicador para a vida adulta", esclarece Rose. Ela explica que se trata de ensinar à criança o respeito à vida, as rotinas da casa, o cuidado com o corpo e com a mente, a relação com a natureza e com o mundo que a cerca.
Como inserir as crianças nas atividades de casa de acordo com a idade
A seguir, Rose dá sugestões de atividades que as crianças podem realizar de acordo com a faixa etária.
De 2 a 4 anos
Neste período em que as crianças estão desenvolvendo as suas habilidades motoras e cognitivas, as tarefas devem ser simples e envolventes.
- Arrumar brinquedos: ensine-as a guardar, procure usar caixas coloridas, coloque música para tornar a tarefa mais divertida.
- Colaborar na cozinha: deixe-as arrumar e preparar os lanches, participar da preparação de um bolo, guardar as compras do mercado, arrumar uma mesa, levar o seu prato para a pia.
- Alimentar animais de estimação: se tiver, permita que as crianças participem e se responsabilizem pelos cuidados sob a supervisão do adulto.
- Vestir-se: incentive a independência na hora de se vestir, escolhendo roupas mais simples, e calçados que consigam colocar sozinhas.
- Limpar as bagunças: peçam para ajudar usando papel ou panos, como derramamento de água ou algum alimento sobre a mesa.
- Cuidar das plantas: colocar água, e acompanhar o crescimento.
De 5 a 7 anos
Nestas idades, elas já têm maior capacidade de atenção, organização psicomotora e capacidade de planejamento.
- Arrumar o próprio quarto: arrumar cama, organizar brinquedos, espaços de estudos, se tiver, mochila escolar, estojo.
- Preparar lanches: nesta fase, já conseguem com a aprendizagem junto ao adulto preparar seu próprio cereal, ou leite, preparar lanches.
- Ajudar a preparar a mesa: colocar pratos, talheres, copos, guardanapos e ajudar a limpar após as refeições.
- Ajudar a cuidar dos animais de estimação: agora, já realizando tarefas mais complexas.
- Lavar louça: ajudar a lavar louças mais leves ou colocar a louça na lavadora.
Crianças a partir de 11 anos
Agora sim, as crianças já conseguem realizar tarefas ainda mais complexas, como lavar e dobrar roupas, cuidar do jardim, cozinhar refeições e limpar a casa. Além disso, elas podem assumir responsabilidades financeiras. Por isso, é importante que os responsáveis as ensinem a gerenciar o dinheiro, permitindo que economizem parte da mesada ou ganhos.
E os jovens?
Rose ressalta que, na juventude, é essencial que os jovens continuem exercitando sua autonomia, explorando seus interesses, valores, paixões e objetivos de vida. Uma prática interessante para isso é buscar aprendizados fora da sala de aula, como cursos, atividades extracurriculares e trabalhos voluntários.
A orientadora educacional aconselha que eles busquem desenvolver outras habilidades que não sejam só as acadêmicas, como de comunicação, resolução de conflitos, gerenciamento de tempo e organização. "Faz parte da autonomia cuidar de sua saúde física, fazendo exercícios e tendo cuidados com a alimentação, assim como cuidar da saúde mental, desenvolvendo estratégias para lidar com estresse", acrescenta.