Celulares, tablets e computadores estão chegando cada vez mais cedo nas mãos das crianças. Na juventude, o olhar fixo nas telas vem se estendendo por horas. Se por um lado, a escola e a família reconhecem o entretenimento e a oportunidade de expandir fronteiras com esses dispositivos, por outro, a preocupação em relação ao digital também está muito presente. Além do cyberbullying e do vazamento de informações pessoais, o contato com violência, abuso, pornografia e discurso de ódio são ameaças constantes nesse cenário.
Uma ferramenta poderosa contra tudo isso é o conhecimento. É fundamental preparar as crianças desde cedo para explorar e usar corretamente as ferramentas do mundo digital, com discernimento e segurança. No Colégio Rio Branco, por exemplo, o Letramento Digital virou um componente curricular, a partir do 2º ano do Ensino Fundamental. Por meio de projetos multidisciplinares, são trabalhados assuntos ligados à cidadania digital, como identidade virtual, segurança na Internet, cyberbullying e fake news.
O ideal é que todo esse trabalho continue em casa, tendo em vista que as famílias também têm um papel fundamental no uso responsável da internet. O cuidado não deve se resumir em controle ou punição: uma boa orientação é a chave para gerar confiança. Uma pesquisa encomendada pela Find My Kids, plataforma online que permite aos pais monitorar os filhos à distância, apontou, no entanto, que esse diálogo ainda é escasso na maioria dos lares. Apenas 7% dos entrevistados afirmaram nunca ter falado com seus filhos sobre cyberbullying, mas das famílias que abordam esse tema, 39% admitem que essas conversas são pouco frequentes.
Quando falamos principalmente de adolescentes, que têm um nível de consciência maior, eles precisam aprender a identificar e evitar situações de risco por conta própria e desenvolver um pensamento crítico para avaliar melhor as informações e fontes encontradas online. Assim, além de se protegerem, também poderão, eventualmente, proteger os seus colegas desses perigos, criando uma rede de apoio muito maior.
“Por meio do papel ativo da família em parceria com a escola, crianças e jovens desenvolvem hábitos e habilidades digitais saudáveis, tornando-se usuários responsáveis e conscientes no mundo digital”, afirma Gustavo Ribeiro, coordenador de Tecnologia Educacional do Colégio Rio Branco.
A seguir, Gustavo, com o apoio das professoras Vanessa Andrade, Michele dos Santos e Daniela Violato, traz mais orientações sobre como pais e responsáveis podem proteger as crianças e jovens dos perigos da internet.
Crie uma comunicação efetiva sobre o tema
É essencial conversar regularmente com os filhos sobre os riscos online, ensinando como proteger informações pessoais, identificar conteúdo inadequado e lidar com situações de bullying. Esse diálogo aberto e franco vai gerar confiança, para, caso a criança ou adolescente enfrente algum problema relacionado à internet ou tenha alguma dúvida, ele te procure para auxiliá-lo da melhor maneira. O acolhimento faz toda a diferença!
Estabeleça regras claras sobre o uso da tecnologia
Assim como na escola, em casa também é importante determinar horários para o uso de dispositivos, além de restringir acesso a certos tipos de conteúdo, definir privacidade nas redes sociais e impor limites na divulgação de informações pessoais. Além da segurança, isso também vai ajudar na produtividade, concentração e bem-estar dos adolescentes.
Acompanhe de perto a rotina virtual dos jovens
Hoje, já existem vários recursos de controle parental, que permitem monitorar o que as crianças estão acessando, estabelecer filtros de conteúdo e receber relatórios de atividades. Então, aproveite essas ferramentas como aliadas na segurança dos mais jovens.
Dê exemplo de bons hábitos digitais
Mais do que ensinar, os pais também devem mostrar, na prática, como respeitar a privacidade dos outros, não compartilhar informações pessoais sensíveis e interagir de forma positiva e respeitosa nas redes sociais. Vale lembrar que os mais novos estão sempre observando e se inspirando em muitos comportamentos produzidos em casa.
Fale sobre responsabilidade financeira no mundo digital
A parte financeira envolvida pode ficar negligenciada ou restrita aos adultos muitas vezes, mas é um aspecto que precisa ser discutido ‒ inclusive, com os jovens. Oriente seus filhos sobre transações online, proteção de informações e possíveis golpes na internet. Conversar e realizar atividades que ajudam a desenvolver hábitos de consumo consciente também é uma forma de prepará-los para o futuro.
Gustavo defende ainda que, além de alertar sobre os riscos, é preciso apresentar às crianças e aos jovens os benefícios da internet, incentivando o uso responsável e crítico dela. Afinal, a tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante em suas vidas pessoais e profissionais. O acesso fácil e rápido a uma vasta quantidade de informações, por exemplo, facilita a pesquisa, o aprendizado e a busca por conhecimento em diversas áreas.
Portanto, não é sobre proibir o uso da tecnologia (o que hoje é praticamente impossível), mas, sim, ensinar a usar com consciência e, claro, com segurança. Assim, educadores, famílias e alunos poderão usufruir o que de melhor ela pode oferecer.