Rússia e Ucrânia: como o conflito entrou na sala de aula?



Coordenadora explica como professores podem trabalhar o tema com estudantes do 
Ensino Médio e, ainda, a possibilidade do assunto ser cobrado nos vestibulares

Ao se preparar para os vestibulares, os alunos e alunas devem estar, mais do que nunca, sintonizados com o que acontece no Brasil e no mundo – afinal, temas da atualidade podem ser cobrados em diversos exames. O conflito entre Rússia e Ucrânia, por exemplo, que tem chamado a atenção pelas consequências internas e externas que desencadeia, em termos políticos, sociais e econômicos, é uma aposta de especialistas para os vestibulares deste ano. Pensando nisso, os professores devem pensar na melhor forma de levar o tema para a sala de aula.

 “Os alunos têm muita curiosidade. Eles perguntam, eles têm medo, então o educador tem que estar atualizado e tem que trazer isso para as aulas. Ele precisa tirar essa angústia do aluno com informações concretas”, explica Fabiana Pegoraro, doutoranda de Geografia Humana na USP e coordenadora de Geografia do Colégio Rio Branco.

Fugindo das fake news

Em primeiro lugar, a abordagem do assunto deve tirar dúvidas e priorizar o diálogo com a turma. É comum que os estudantes já tragam incertezas sobre o conflito internacional, dado que estão muito atentos às redes sociais e às informações (nem sempre verdadeiras) da internet. Nesse quadro, a aula deve ser um ambiente seguro e sempre atualizado, onde adquirem informação de confiança.

 “A primeira reação dos alunos ao conflito foi de tensão, por conta do elevado número de notícias sendo veiculadas, de diferentes mídias, e recheadas de informações que não são verdadeiras. Então eles fazem diversas perguntas.”

 Em um contexto de conflito, as notícias falsas veiculadas no meio digital podem assustar os estudantes. Logo, a abordagem do tema em sala deve trazer fatos e fazer com que os estudantes compreendam o que está realmente acontecendo.

 “O que eles vão ouvindo na mídia, eles vão trazendo para a sala de aula”, comenta a professora a respeito da postura dos alunos. “Por isso, estabelecer uma troca entre professor e aluno, a fim de entender o contexto vivido atualmente pelos países, é muito importante para a saúde mental e para o desempenho dos estudantes”, afirma Fabiana.

Nos vestibulares

Por conta da complexidade do assunto, é natural que os jovens fiquem preocupados com a presença do tema nas provas do final do ano. Segundo a coordenadora, o conflito entre Rússia e Ucrânia pode aparecer em questões de diversas disciplinas, principalmente  eografia e História, que costumam explorar mais os conhecimentos de atualidades. Além disso, o assunto aparecer nas redações dos vestibulares e do Enem, como uma referência na coletânea ou como uma possibilidade de trabalhar o repertório do vestibulando.

 “No pré-universitário, como chamamos a 3ª série do Ensino Médio no Rio Branco, tivemos um enfoque incisivo: o professor, dentro da disciplina de atualidades, está trabalhando o assunto dos conflitos na Ucrânia com os jovens. O tema teve que entrar no cronograma de aulas”, explica a professora a respeito da metodologia implementada pela escola durante as aulas.

 Mas por mais que o estudante queira se preparar, a coordenadora alerta: não há como prever as perguntas que vão aparecer nas provas. “As questões de atualidades são muito dinâmicas, a gente não consegue definir, elas vão acontecendo no dia a dia. Então temos essa preocupação de preparar o estudante e entender como ele vai abordar o assunto academicamente”.

 Fabiana também afirma que, nas questões dissertativas e redações, o ideal é buscar uma  esposta argumentativa. “Se o aluno concorda ou não com a guerra, isso não será cobrado. O que vai ser importante na resposta é como ele vai argumentar sobre aquele contexto”, finaliza Fabiana.

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