As habilidades exigidas pelo mercado de trabalho podem ser desenvolvidas ainda na escola?

Saber trabalhar em equipe, ter empatia e pensamento crítico, entre outras competências, contribuem para o crescimento pessoal, social e profissional

As exigências do mercado de trabalho, atualmente, vão além da busca por profissionais que sejam competentes tecnicamente. É necessário também que a pessoa possua habilidades sociais e emocionais.

O desenvolvimento dessas competências, conhecidas como soft skills, pode acontecer desde cedo, e também cabe à escola o papel crucial de trabalhar não apenas os conhecimentos acadêmicos, mas também os socioemocionais.

“Profissionais versáteis, flexíveis, preparados para mudanças, que sabem o que o mercado espera, acabam alcançando ótimos resultados com seu trabalho”, afirma Maria Claudia Rocha, orientadora educacional do Ensino Médio no Colégio Rio Branco.

A importância das habilidades socioemocionais

Desenvolver uma comunicação eficaz, saber trabalhar em equipe, ter empatia, capacidade de resolução de problemas e inteligência emocional contribui para um desempenho mais eficaz no ambiente escolar e para a construção de relações interpessoais saudáveis.

“Ao desenvolver essas habilidades, a escola contribui para a formação integral dos alunos, preparando-os não apenas para enfrentar os desafios acadêmicos, mas também para lidar com situações do cotidiano, interagir de forma saudável com os outros e se destacar no mercado de trabalho”, reforça Maria Claudia.

Segundo ela, cabe à equipe gestora e pedagógica aplicar atividades em que os alunos precisem reconhecer suas emoções e o que estão sentindo em relação a determinada situação.

Assim, é possível promover aulas e atividades em que a criatividade seja trabalhada por meio de desenhos, criação de histórias, show de talentos e outras oficinas. “Estimular os alunos a participar de ações voluntárias e de empreendedorismo social na comunidade também são maneiras de trabalhar as habilidades socioemocionais”, completa a orientadora.

Competências gerais da Educação Básica e a BNCC

Essas habilidades sociais e emocionais se relacionam às dez competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O documento aponta como as escolas podem trabalhá-las em sala de aula:

  1. Conhecimento: Compreender, utilizar e criar conhecimento historicamente construído, articulando o conhecimento científico, as linguagens artísticas e as práticas corporais.
  2. Pensamento científico, crítico e criativo: Desenvolver o pensamento científico, crítico e criativo, que envolve raciocínio lógico, investigação, análise, síntese e avaliação.
  3. Repertório cultural: Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo, a natureza e a cultura, reconhecendo a diversidade cultural.
  4. Comunicação: Utilizar diferentes linguagens, como verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal para se expressar e se comunicar.
  5. Cultura digital: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética.
  6. Trabalho e projeto de vida: Valorizar e utilizar o conhecimento adquirido no contexto do trabalho e da vida pessoal para a construção de projetos de vida individuais e coletivos.
  7. Argumentação: Desenvolver a capacidade de argumentação, alicerçada no convívio democrático e no respeito aos outros.
  8. Autoconhecimento e autocuidado: Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana. 
  9. Empatia e cooperação: Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro.
  10. Responsabilidade e cidadania: Agir pessoal e coletivamente com ética, responsabilidade, autonomia, solidariedade e respeito à diversidade, contribuindo para a construção de uma sociedade justa, democrática e sustentável.

Aplicação na sala de aula

Para garantir um trabalho eficaz com as competências socioemocionais, a escola deve incentivar projetos que envolvam trabalho em equipe, em que os alunos precisam se comunicar, colaborar e resolver problemas em conjunto.

Oferecer atividades extracurriculares, como clubes, grupos de debate, teatro, música, entre outros, são outras possibilidades. Também é importante adotar metodologias que estimulem a participação ativa dos alunos, como discussões em grupo, estudos de caso e simulações.

“Ao adotar essas abordagens, as escolas podem desempenhar um papel fundamental na formação dos alunos para os desafios do mercado de trabalho e para uma vida social e emocionalmente equilibrada”, conclui Maria Claudia.

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