Escola e família na pandemia: o ensino a distância veio para ficar?

Por Sueli Marciale

Um dos maiores desafios educacionais durante o período de quarentena, sem dúvida é o estresse causado pela falta de convívio em um espaço importante de construção de conhecimentos e de socialização: a escola. O contato estabelecido com professores, amigos, funcionários nos processos de quaisquer aprendizagens são essenciais para a saúde emocional dos alunos, na fase de escolarização.

As famílias também foram impactadas com as mudanças em suas rotinas, com a hiper convivência familiar, tiveram de se reorganizar em termos de espaço, segurança, higiene, alimentação e conciliar a nova vida doméstica adaptada, com as responsabilidades profissionais dos adultos. Dessa forma, construir canais de comunicação, apoio, orientação e acolhimento às famílias também foi fundamental.

O modelo presencial de ensino, com o suporte de tecnologias para o modelo híbrido é bastante conhecido e, como tal, dá mais segurança a todos. Entretanto, o modelo remoto, nunca tinha sido vivido com tanta intensidade, em razão da necessidade imposta pelo distanciamento social, por isso, é preciso explorá-lo, cada vez mais, em suas especificidades, desafios e oportunidades. Não podemos dizer que seja necessariamente melhor ou pior. Podemos dizer, com certeza, que é diferente. O desafio maior, enquanto não podemos voltar ao presencial, é soltar as "amarras" e mergulhar no ambiente remoto para explorar dele suas potencialidades e propiciar condições para que os alunos aprendam com qualidade.

No retorno ao presencial, caberá às escolas avaliar os impactos desse modelo remoto de ensino e aprendizagem e atender as eventuais demandas, propiciando, também, a utilização de ambientes híbridos de aprendizagens. Algo que aprendemos nesse processo é que algumas atividades, seja de produtividade das equipes de trabalho, seja da rotina escolar, tiveram melhor aproveitamento no modelo a distância do que anteriormente no presencial. Algo impactante também é que, ao replanejar o calendário letivo, nos deparamos pensando: "esta atividade pode ser melhor aproveitada se for no modelo remoto", algo que não ocorreria antes da pandemia.

A escola não será a mesma após esse processo acentuado de uso tecnologias digitais, da interatividade, da conectividade e de outras metodologias. A inventividade, a criatividade, a resolução de problemas, a ampliação de repertório, a cultura digital, a resiliência, a colaboração, a empatia, entre outras competências vividas e desenvolvidas de novas maneiras, devem fazer parte destes dois ambientes diversos e complementares (presencial e remoto).

 


Sueli Marciale
Diretora assistente do Colégio Rio Branco, Unidade Granja Vianna.
Educadora com larga experiência e conhecimentos em Gestão Pedagógica e Formação Docente, desenvolvidos em instituição de grande porte, tanto em Educação Básica, quanto em Ensino Superior (PUC-SP). A formação em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas, em Relações Interpessoais na escola e a construção da autonomia moral, entre outras, possibilitou-lhe um percurso diversificado: como professora de Educação Básica e Ensino Superior, coordenadora de Língua Portuguesa, coordenação pedagógica e assessora voltada para a formação docente. Nos últimos anos, tem exercido a função de diretora em instituições de ensino (Educação Básica), tendo como atribuições centrais formar e alinhar práticas de professores, coordenadores e orientadores educacionais, além das administrativas.

 

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