Márcia Chammas, orientadora educacional do Colégio Rio Branco, explica como as experiências das crianças têm efeito na aprendizagem ao longo da vida
Celebrado em 24 de agosto, o Dia da Infância tem o propósito de promover uma reflexão sobre as condições em que as crianças vivem em todo o mundo e defender os direitos e oportunidades necessárias para o pleno desenvolvimento dos pequenos. Afinal, as experiências e condições desta fase impactam o ser humano ao longo de toda a sua vida.
“A infância é o período mais importante para o desenvolvimento do indivíduo, uma vez que construímos alguns ‘cardápios internos’ quanto a nossa percepção do mundo, das pessoas e de nós mesmos”, explica Márcia Chammas, orientadora educacional dos anos finais do Ensino Fundamental na Unidade Higienópolis do Colégio Rio Branco.
É por isso que muito se fala que “os adultos são uma extensão de quem foram e do que viveram quando crianças”. Muitas características e padrões de comportamentos surgiram a partir do que foi vivido no passado. Conscientes desse impacto, é preciso reforçar a necessidade de garantir às crianças, além da saúde física, que inclui boa alimentação, atividade física e descanso, um cuidado emocional, por meio de acolhimento, proteção, afeto e vínculos com pessoas importantes.
O terceiro ponto de atenção é o investimento na saúde intelectual desde cedo, a partir de interações, estímulos e educação formal. Márcia explica que o contato da criança com o ambiente por meio de seus órgãos do sentido (tato, visão, paladar, olfato e audição), bem como com as primeiras emoções, garante o processamento de novas informações, oportunizando às células do sistema nervoso alterações neurológicas.
“As experiências vividas na infância estabelecem a base do nosso desenvolvimento cognitivo, psíquico e socioemocional, dando sustentação à aprendizagem ao longo da vida”, enfatiza a orientadora educacional.
O papel da escola na infância e em sua ressignificação
Junto à família, a escola deve considerar que educar consiste em levar em conta a singularidade de cada aluno, dialogando com seu conhecimento de mundo. A criança é alguém que se constrói por meio de interações e relações que vivencia em casa e na sala de aula.
“Ao longo da adolescência, temos novas oportunidades de ressignificar experiências vividas na infância”, acrescenta Márcia, que destaca a juventude como uma fase de grandes transformações nos âmbitos físico, cognitivo, psicológico, emocional e social. Neste período, os comportamentos infantis ficam para trás e os jovens começam a pensar em competências para assumir papéis de impacto na sociedade. É aí que a escola entra como um grande facilitador de ressignificações, segundo a orientadora educacional do Rio Branco.
Márcia defende que os profissionais da área da educação, além de conhecimentos de neuropsicologia, necessitam ter habilidades socioemocionais desenvolvidas como empatia, olhar e escuta qualificados, ética, resiliência e responsabilidade social. Assim, eles poderão ajudar os jovens, neste momento de grande transformação, a enxergar a si próprio e o mundo de uma forma diferente, ressignificando comportamentos, pensamentos e sentimentos oriundos de experiências na infância.
“Na prática de educação, cuidados com aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais são deveres de todos”, finaliza.