Além da necessidade urgente de aderir e se manter ligado no Setembro Amarelo, campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio (aliás, durante os 12 meses do ano!), também é importante saber mais sobre o Setembro Azul.
Esse movimento foi criado para marcar as conquistas, relembrar as lutas da Comunidade Surda e conscientizar sobre a importância da acessibilidade durante todo o mês nove do ano, já que no dia 26 de setembro comemora-se o Dia Nacional do Surdo, e no dia 30 de setembro, o Dia Internacional do Surdo.
Historicamente, o mês de setembro também remete a outras datas e acontecimentos importantes para essa minoria:
6/09 e 11/09: o Congresso de Milão de 1880, proibiu o uso das Línguas de Sinais na educação dos surdos.
23/09: Dia Internacional das Línguas de Sinais.
26/09: Dia Nacional do Surdo. Data de fundação do Instituto Nacional de Educação dos Surdos, a primeira escola para surdos do Brasil.
30/09: celebra o Dia do Tradutor Intérprete
A razão do azul ser a cor escolhida para a campanha tem origem na Segunda Guerra Mundial, quando fitas azuis eram presas em pessoas com alguma deficiência para diferenciá-las das demais, entre elas, os surdos.
Cada país tem a sua própria língua de sinais e a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é um importante patrimônio cultural e sociolinguístico do nosso país, já que permite o acesso e a inclusão de surdos na sociedade, majoritariamente ouvinte. Apesar da Língua Brasileira de Sinais ser reconhecida como meio legal de comunicação e expressão desde 2002, grande parcela da população ainda não possui muitas informações sobre a realidade dos surdos no Brasil.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 10 milhões de pessoas possuem alguma deficiência auditiva no Brasil, por isso, chama atenção a necessidade de serviços e políticas públicas mais abrangentes, que sejam especialmente desenvolvidas para atender essa minoria, sejam nas escolas, universidades e outros espaços.
Para fortalecer essa luta, todos os anos, o Centro de Educação para Surdos Rio Branco (CES), o Colégio Rio Branco (CERB), o Centro Profissionalizante Rio Branco (Cepro) e as Faculdades Integradas Rio Branco (FRB-GV) comemoram o mês de setembro com as tradicionais fitas ou “mãozinhas” azuis, atividades de conscientização, encontros e eventos recreativos.
Aula no CES (foto anterior à pandemia).
E como acontece o trabalho de formação educacional de surdos no Rio Branco?
Crianças surdas podem ingressar no CES a partir de zero ano de idade (bebês), passar pelas fases do Programa de Estimulação do Desenvolvimento e cursar os níveis escolares seguintes: da Educação Infantil ao 5° ano do Ensino Fundamental. Todo o trabalho bilíngue é realizado em Libras, adotada como a primeira língua no ensino e na aprendizagem, seguido da Língua Portuguesa - na modalidade escrita, como o segundo idioma.
A partir do 6° ano do Ensino do Ensino Fundamental, já com a autoestima e a identidade surda fortalecidas, os estudantes surdos ingressam no Programa de Continuidade de Escolaridade, no qual são incluídos e integrados, em grupos, nas salas de aula junto aos alunos ouvintes do Colégio Rio Branco - com o acompanhamento diário e atento de orientadores educacionais e a presença de tradutores intérpretes de Libras e Língua Portuguesa em sala de aula, em todas as disciplinas até a conclusão do Ensino Médio.
Com essa troca rica, o Colégio Rio Branco também oferece a possibilidade dos alunos ouvintes de todas as faixas etárias, assim como seus familiares, participarem de oficinas de Libras.
Todo esse amplo trabalho dedicado aos alunos surdos, além do atendimento e suporte às suas famílias, integra um dos principais braços sociais da instituição, ao contemplar mais de 100 alunos beneficiados por bolsas de estudos.
Muitos estudantes surdos que passaram pelo CES e pelo Colégio Rio Branco, se destacaram em edições do Enem, e em vestibulares de importantes instituições.
A valorização da cultura surda, o respeito à diversidade sociocultural e linguística da minoria surda fazem parte do principal projeto de inclusão da instituição. É uma de suas marcas e está na natureza do seu dia a dia, já que alunos, educadores e colaboradores convivem harmoniosamente, aprendendo juntos e mutuamente.
O Centro de Educação para Surdos Rio Branco foi criado em 1977, pela Fundação de Rotarianos de São Paulo e conta com uma equipe altamente qualificada de profissionais e educadores, surdos e ouvintes, fluentes em Língua Portuguesa e na Língua Brasileira de Sinais.
O CES também conta com a campanha "Mãos Fazendo História", na qual a instituição está aberta para receber voluntários e doações para a ampliação e continuidade dos trabalhos de excelência nesta importante área da educação. Mais informações: www.ces.org.br
Referências históricas: Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).