
Especialistas explicam o que os responsáveis podem fazer durante as refeições para que os pequenos tenham uma alimentação mais balanceada
Nas diversas fases do desenvolvimento infantil, a alimentação é um tema central e que gera dúvidas que vão muito além do cardápio. Além da dieta balanceada, existem outros aspectos que envolvem o hábito de comer e que devem ser observados.
A alimentação em crianças e jovens
Veridiana Monteiro, pediatra do Colégio Rio Branco, afirma que uma alimentação adequada é fundamental para o desenvolvimento saudável de crianças e jovens, influenciando:
- Crescimento físico: Fornece nutrientes necessários para o desenvolvimento de ossos, músculos e tecidos. Por exemplo, cálcio e vitamina D são essenciais para a saúde óssea.
- Desenvolvimento cerebral: Certos nutrientes, como ácidos graxos essenciais, são vitais para o desenvolvimento cerebral. Uma dieta adequada apoia funções cognitivas, memória e concentração.
- Energia e foco: Evita picos e quedas de energia, ajudando na concentração e no desempenho acadêmico. Carboidratos complexos e proteínas fornecem energia estável.
- Imunidade: Uma dieta rica em vitaminas e minerais fortalece o sistema imunológico, ajudando a prevenir doenças.
- Saúde emocional: A alimentação influencia os neurotransmissores que regulam o humor. Uma dieta equilibrada pode ajudar na estabilidade emocional.
- Prevenção de doenças: Reduz o risco de obesidade, diabetes e outras doenças relacionadas à dieta, tanto na infância quanto na idade adulta.
- Desempenho esportivo: Nutrientes adequados melhoram a resistência, força e recuperação em jovens atletas.
Juliana Gois, orientadora educacional de apoio à aprendizagem da Unidade Higienópolis do Colégio Rio Branco, reforça que uma boa alimentação é essencial para o crescimento, desenvolvimento e prevenção de doenças na infância. A adoção de uma alimentação saudável desde cedo pode influenciar os hábitos alimentares do resto da vida. “As crianças e adolescentes que comem legumes, verduras e frutas, por exemplo, tendem a manter esse hábito ao se tornarem adultos”, diz Juliana.
Além disso, a especialista afirma que diversas pesquisas já comprovam os efeitos da boa alimentação nos aspectos cognitivos e na saúde mental. Ela cita um artigo científico publicado em 2014 no American Journal of Public Health, que demonstra que enquanto uma dieta saudável reduz o risco de depressão grave, alimentos ricos em açúcar e carnes processadas podem aumentar a expressão de sintomas depressivos.
Como estimular uma boa alimentação desde cedo?
Juliana dá algumas dicas de ações práticas a serem tomadas para promover uma dieta com alimentos diversificados, nutritivos e ingeridos de forma equilibrada:
- Incentive a escolha de alimentos saudáveis: Por exemplo, carboidratos complexos ou com baixo índice glicêmico (presentes em alimentos como arroz, macarrão e pão integral) liberam energia de forma prolongada por lentificar a absorção da glicose. Por consequência, há uma tendência a menores flutuações glicêmicas, o que pode levar a menor instabilidade emocional.
- Ajude a criança a reconhecer suas próprias necessidades: Não insista para que o seu filho coma até “limpar o prato”. Em vez disso, ajude-o a reconhecer quando ainda é preciso continuar, bem como quando é a hora de parar.
- Persista: De acordo com especialistas, uma criança pode ter que experimentar até dez vezes para gostar de determinado alimento. Logo, introduza alimentos novos com frequência e não desista diante da primeira recusa.
- Lembre-se de que você é um exemplo: Se você come pizza com refrigerante e dá preferência a “fast food” ou alimentos industrializados em vez dos preparados em casa, será difícil para a criança manter uma rotina de alimentação saudável.
- Evite consumo elevado de carboidratos simples: Doces, arroz e pão branco, refrigerantes e bebidas adocicadas, por exemplo, são alimentos de alto índice glicêmico que tendem a desacelerar o metabolismo, converterem-se em gordura, além de gerarem sensação de cansaço.
- Destaque a importância da hidratação: Nosso corpo necessita de água, a desidratação leva frequentemente ao desânimo e a lentificação do raciocínio.
A hora da refeição
É importante que as refeições sejam momentos de conexão com a família e fortalecimento dos vínculos, estimulando a rotina saudável e evitando maus hábitos. A orientadora educacional destaca algumas atividades e medidas para isso:
- Leve a criança à feira ou ao mercado com você: Essa é uma oportunidade de ensinar sobre o valor nutricional, expor a criança a uma grande variedade de opções de alimentos e passar um momento de interação juntos.
- Convide a criança ou o adolescente a preparar uma refeição com você: Vocês podem escolher o prato em conjunto, dividir tarefas, conversar durante o preparo e, ainda, saborear o resultado.
- Busque fazer pelo menos uma refeição por dia juntos: Esse hábito perdido pela correria do dia a dia vale a pena ser resgatado, pois oferece a oportunidade de compartilhar os acontecimentos do dia a dia e trocar experiências.
- Não deixe que o jovem se alimente na frente de telas: Ele não estará atento ao alimento que está consumido e não irá interagir com os que estão em seu entorno.
Os problemas alimentares
Veridiana Monteiro completa que a alimentação inadequada entre crianças e jovens pode levar a uma série de problemas de saúde, tanto imediatos quanto a longo prazo. Alguns dos principais problemas incluem obesidade infantil, seletividade alimentar, desnutrição, transtornos alimentares, cárie dentária e deficiências nutricionais.
Para lidar com esses problemas, algumas ações recomendadas são a educação alimentar, a limitação de alimentos processados, o incentivo a atividades físicas e, em alguns casos, a consulta de especialistas. “Lidar com problemas de alimentação exige uma abordagem multifacetada, envolvendo educação, apoio e, em alguns casos, intervenção médica”, afirma a pediatra.