Como estimular a gratidão nas crianças e nos jovens?

Especialista comenta formas de promover o agradecimento em diferentes fases da vida

Rose Sertório, orientadora educacional da Educação Infantil do Colégio Rio Branco, afirma que a gratidão desenvolve habilidades socioemocionais fundamentais para o desenvolvimento e formação humana, como a aceitação do outro, o convívio com as diferenças e o trabalho em equipe.

Além disso, esse estímulo pode auxiliar na construção da empatia. “A prática da gratidão ensina a criança a perceber as contribuições do outro, a compreender e partilhar sentimentos, a valorizar as relações interpessoais e a desenvolver uma perspectiva mais ampla sobre o mundo, todos elementos essenciais para a empatia”, diz a orientadora.

Como estimular a gratidão nas crianças e jovens?

De acordo com Rose, as atitudes falam mais do que as palavras. “Isso porque a criança aprende por meio da observação das atitudes do adulto, sejam eles seus pais, professores ou demais pessoas que circulam em suas vidas”. Por isso, é importante ser um modelo, praticar a gratidão e demonstrar ser uma pessoa agradecida.

“Para aprender o verdadeiro significado do ser grato, é importante ensinar à criança o valor das pequenas trocas de gentileza”. A especialista aponta alguns exemplos:

Ensinar a boa convivência: as primeiras palavras que a criança aprende estão ligadas a simples ações do dia a dia, como dizer “obrigada”, “por favor” e “tchau”. As chamadas “palavras mágicas” são um verdadeiro exercício de cidadania.

Envolver a criança ou jovem em atos de bondade: participar da comunidade por meio da organização de campanhas e projetos voluntários é interessante para mostrar aos pequenos o quanto esta atitude impacta positivamente na vida de outras pessoas. Assim, vão aprender naturalmente o significado da generosidade, solidariedade, cooperação e empatia.

Reconhecer e celebrar as pequenas conquistas do dia a dia: essa atitude ensina o valor do processo e de suas realizações, além de alegrar as crianças e torná-las mais felizes.

Cultivar bons relacionamentos: tratar as pessoas com gentileza e bom humor gera momentos de cumplicidade e conexão humana. Também é relevante ensinar que as relações entre as pessoas são mais importantes do que as posses materiais.

Diferentes métodos a cada idade

A orientadora afirma que o entendimento da gratidão e o modo de expressá-la mudam com a idade, visto que as habilidades cognitivas, emocionais e sociais das crianças se desenvolvem ao longo do tempo, ampliando a compreensão e interpretação do mundo. 

“Desde muito pequena é possível incentivá-la na relação com os pais ou cuidadores. Por meio da relação de afetividade, como as conversas, sorrisos e estímulos, a criança se conecta ao mundo pela relação de amor e carinho recebido. Ao crescer, estas relações devem ser mantidas, buscando em cada fase incentivar atos de gratidão”, diz a especialista.

Rose explica como incentivar a gratidão por faixa etária:

0 a 3 anos:

  • Demonstre atitudes de agradecimento.
  • Introduza a palavra e seu significado por meio de ações.

3 a 5 anos:

  • Incentive a criança a expressar verbalmente o agradecimento simples, como dizer “obrigada” e “por gentileza”.
  • Envolva a criança em atividades que promovam a partilha e cooperação.

6 a 12 anos:

  • Incentive a criança a ter um diário de gratidão, onde possa escrever ou desenhar a que ela é grata.
  • Ensine a importância de agradecer professores, familiares e outras pessoas importantes na vida da criança.
  • Envolva a criança em atividades voluntárias para desenvolver empatia e compreensão das necessidades de ajudar o outro.

13 a 18 anos:

  • Estimule a participação em projetos sociais.
  • Incentive a reflexão sobre experiências que promovam a gratidão.
  • Ajude a desenvolver uma compreensão mais profunda da gratidão, conectando-se a valores, realizações e relações pessoais.

A especialista reforça que a gratidão é um sentimento que alimenta as emoções e ensina a aproveitar melhor a vida. “Quando criamos crianças preocupadas com o outro, não estamos só ensinando o conviver em sociedade, mas estamos também estimulando seu desenvolvimento socioemocional”.

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