Como reagir à recuperação escolar?

Com o ano letivo chegando ao fim, como a família pode apoiar os filhos que precisam encarar a temida recuperação?

A recuperação escolar, resumidamente, é uma retomada de conteúdos nos quais um aluno não obteve a média necessária para ser aprovado. Assim, é uma espécie de segunda chance para que o estudante absorva os conteúdos com os quais teve dificuldade durante o ano, para que passe para o próximo com os pré-requisitos necessários. 

O problema, segundo Maria Eugênia Ruiz Rossetti, orientadora educacional do Colégio Rio Branco, é o olhar negativo sobre a recuperação, como se fosse uma falha, algo que o aluno não conseguiu cumprir. “A recuperação escolar nada mais é do que uma nova etapa do ano letivo, na qual eu tenho a oportunidade de refazer as propostas e de olhar novamente para o conteúdo, me preparar para o processo de avaliação e de conseguir melhores resultados”.

Então, como reagir quando seu filho não atinge as notas desejadas e fica de recuperação? Como apoiá-lo nesse momento?

Meu filho ficou de recuperação! E agora?

Maria Eugênia afirma que é preciso desmistificar a recuperação como algo ruim, pois, se ao final do processo o aluno conseguiu aprimorar aqueles conceitos e conhecimentos, então foi uma nova oportunidade de aprendizagem. Ela também aconselha os pais a demonstrarem confiança em seus filhos e essa capacidade de aprender e melhorar seus resultados, mesmo porque existem outras razões para essa nota abaixo da média além de puramente desempenho escolar.

“Às vezes, um jovem que é extremamente capaz tem uma abstração, uma leitura, um raciocínio incrível, e não teria dificuldades acadêmicas se não estivesse passando por momentos emocionais”. Por isso, uma das grandes questões a serem discutidas é a de saúde mental, que pode ou não ter sido prejudicada pela pandemia, por exemplo.

Por isso, o apoio da família é tão essencial nessa hora. A primeira ação deve ser estabelecer metas claras e um bom ritmo de estudos para a nova etapa. Perguntar ao jovem porque o resultado esperado não foi atingido: foi por falta de estudos ou de preparação, perda de prazos ou falta de atenção? “A primeira coisa que é preciso entender é: o que o colocou ali? A gente ajuda na organização, se o que o aluno precisa é foco. Se o que precisa é aprender a estudar, a gente pode ensinar. Os pais, junto à escola, precisam fazer um processo de diagnóstico e entendimento”.

Essa compreensão do que gerou a recuperação está diretamente ligada às futuras orientações para que a recuperação não volte a acontecer no futuro. É preciso analisar o porquê de as notas do aluno estarem baixas: se ele não vai às aulas, não sabe estudar e estuda sem método, isso aparece nas provas. Essa análise é responsabilidade de todos os envolvidos: aluno, escola e pais. A escola precisa ter, como foco, o processo de aprendizagem e ser responsável por fazer com que os alunos estudem e aprendam a aprender. Enquanto isso, o professor precisa ter a clareza de que o papel dele é acompanhar o processo, ver os resultados dos alunos e entender o que está acontecendo. E, claro, o aluno é o grande responsável por manter uma rotina saudável de lazer e estudos, e criar uma rotina junto aos pais que colabore para tudo isso. 

O depois da recuperação

A recuperação pode ser vista como uma lição para os jovens, na qual eles entendam as consequências de seus atos. Se o aluno perceber que não prestou atenção nas aulas, não aprendeu a matéria, não anotou e não fez lição de casa, ele ficará de recuperação. “Quando ele passa a anotar, fazer as tarefas e a estudar, o resultado vem. Então, a grande lição que os jovens tiram do processo de recuperação, quando é um processo efetivo, é que todos os problemas têm soluções.”

Dentro desse processo, é importante o envolvimento dos pais, tanto na recuperação quanto na educação dos filhos como um todo. Pais e filhos precisam conversar sobre aquilo que está sendo discutido na escola, o que está sendo trabalhado. “Juntos, nós olhamos os resultados desses alunos, desses jovens, de forma individual, em análise com uma cultura de dados para entender como eles se saíram nas avaliações, como estão se saindo na entrega das atividades, como é a frequência desses alunos na escola e o engajamento deles na sala de aula”. Maria Eugênia convida os pais a olharem para o processo de recuperação com a escola e com os alunos, para construir esse diagnóstico em conjunto e ver esse jovem amadurecer e aprender a resolução de problemas. 

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