Chegou a hora de falar sobre puberdade. E agora?

Orientadora educacional do Rio Branco dá dicas de como os pais podem ajudar os jovens a entenderem essa fase e lidar com ela de forma leve e assertiva

Não é brincadeira quando se fala em “hormônio em ebulição” na adolescência. A puberdade é um fenômeno biológico, em que ocorre o amadurecimento dos órgãos sexuais e meninos e meninas atingem a capacidade reprodutiva. No sexo feminino, em geral, a puberdade começa entre os 8 e 13 anos de idade e, no masculino, entre os 9 e 14 anos. 

Durante esse processo, é possível observar mudanças físicas bem evidentes, como estirão puberal (ganho rápido de estatura), surgimento dos pelos pubianos, aumento da oleosidade da pele e surgimento de odor nas axilas. Mas, no aspecto psicológico e social, também ocorre uma grande transformação – e que merece atenção.

“Em paralelo às mudanças do reflexo no espelho, acontecem mudanças em como o jovem se enxerga na vida e se posiciona nesse novo mundo repleto de possibilidades, mas, também, de responsabilidades”, explica Juliana Gois, Orientadora Educacional de Apoio à Aprendizagem da Unidade Higienópolis.

Ela ressalta que a puberdade percorre o caminho das descobertas associadas ao desenvolvimento, conhecimento do corpo humano, noção do que é público e privado, respeito a si e ao outro. “Conversar, dialogar sobre a puberdade é de extrema relevância, inclusive como uma forma de auxiliar na prevenção de situações de abuso sexual”, afirma. 

Como conduzir a conversa com os jovens sobre a puberdade?

Juliana adianta que não existe uma receita única sobre como abordar a puberdade ou uma recomendação específica. “Mas há três ingredientes que certamente se fazem essenciais: presença, disponibilidade e escuta”, diz. 

Se você, pai, mãe ou responsável, quer saber como lidar melhor em relação ao tema, confira a seguir mais dicas da orientadora educacional do Rio Branco. 

Trate as mudanças e descobertas com naturalidade

Conforme a criança cresce, o corpo dá sinais e descobertas surgem, como a masturbação. Não é preciso se assustar ou repreender, é natural e inicialmente trata-se de um jogo exploratório de sensações ‒ por isso é um bom momento para conversar sobre intimidade, privacidade, respeito e consentimento.

Não force uma conversa ou dê muitas voltas para responder

Apesar da importância de falar sobre a puberdade, permita que o assunto surja de forma espontânea, não é preciso impor ou ser formal. Nessa fase ele já está um pouco mais maduro, você necessitará de menos metáforas e talvez as perguntas sejam mais objetivas.

Aproveite as oportunidades para iniciar o assunto

Se o assunto não surgir de forma espontânea, você pode aproveitar cenas de filmes ou séries para iniciar uma conversa (se o jovem se sentir confortável). Aliás, nesses casos evite sair de perto para que ele se sinta mais à vontade caso saiba que o tema gera vergonha. Essa atitude pode passar a impressão de que você prefere evitar tratar sobre esse tipo de assunto. 

Escute sem preconceitos

É sempre bom saber também que os jovens já sabem sobre o tema ‒ algumas coisas simplesmente percebeu, outras soube a partir de seus pares, e, talvez, outras tenha pesquisado por curiosidade (precisamos lembrar o quanto essa geração é conectada ao mundo virtual e à praticidade do simples “dar um google”). Escute o que eles têm para dizer, sem julgamentos, evite fazer qualquer brincadeira que possa gerar constrangimento e esclareça os pontos que perceber que estão confusos.

Você não precisa saber tudo

A verdade é que você também passou por essa fase, então, desprenda-se do medo ou receio de oferecer qualquer informação e nem se preocupe se não souber todas as respostas. Neste caso, seja honesto e diga que podem buscar juntos uma forma de descobrir ‒ inclusive, conte que existe um médico específico para adolescentes, o hebiatra, que pode ser consultado.

A família pode contar ainda com o apoio da escola

Juliana defende que, além da conversa em casa, o assunto também deve ser abordado na escola. Na sala de aula, no entanto, as orientações dadas são mais gerais acerca do tema, em aulas de biologia, por exemplo, que abordam sobre corpo humano, relações sexuais, gestação e doenças sexualmente transmissíveis. 

“Tanto em casa como na escola, o intuito é esclarecer dúvidas e oferecer informações confiáveis neste período de formação. A diferença, por vezes, está na forma de abordagem”, explica a orientadora educacional. Segundo ela, essas ações auxiliam a família na obtenção de informações e tranquilizando-a para que seja possível acolher em casa as mudanças que estão sendo experimentadas pela criança. 

“Em situações mais específicas, os responsáveis podem contar com o apoio da escola para troca de informações e obtenção de orientações mais personalizadas em reuniões particulares com a orientação educacional”, explica, ressaltando que os pais e educadores são a melhor fonte de informação. 

“Acreditem, essa é uma grande oportunidade para fortalecer vínculos e transmitir informações claras e seguras”, finaliza.

Comentar