Timidez na infância e adolescência: saiba como dar apoio para os estudantes

Juliana Góis, Orientadora de Apoio à Aprendizagem do Colégio Rio Branco, dá dicas para pais e professores que desejam ajudar os mais novos a lidar com o sentimento da timidez

Na infância, as crianças diariamente conhecem novos ambientes, pessoas, situações e sentimentos – ou seja, tudo é uma novidade. A timidez é uma condição natural e extremamente comum nesses cenários, podendo abranger diferentes níveis, desde a sensação de desconforto até um medo irracional diante das pessoas.

Na maioria das vezes, a timidez não causa problemas – a não ser que passe a interferir de forma negativa no cotidiano do indivíduo. “Um bom modo de pensarmos se a timidez se configura como um problema é perceber se há uma tendência de evitação de situações necessárias, ou mesmo de encontros que gostaria de participar, em função da dificuldade de se expor”, diz Juliana Góis, Orientadora de Apoio à Aprendizagem da Unidade Higienópolis do Colégio Rio Branco.

No geral, a profissional ressalta que os pais e educadores devem se preocupar quando a timidez traz prejuízos para a criança ou adolescente, impedindo interações e experiências importantes para o seu desenvolvimento. Uma primeira sugestão é observar o comportamento do estudante em relação a situações do cotidiano, como uma festa de aniversário, a apresentação de um trabalho para a turma ou a participação na quadrilha junina. 

Timidez x introversão – qual a diferença?

“Muitas pessoas consideram timidez e introversão como sinônimos, contudo trata-se de uma visão equivocada. A timidez representa a tendência a se sentir desconfortável no contato com o outro, enquanto a introversão é uma característica de personalidade associada à maneira como a pessoa se relaciona com o seu entorno e que se caracteriza por uma menor abertura a novas experiências”, explica Juliana.

Logo, uma pessoa tímida sente medo de se expor por possíveis julgamentos, e fica nervosa e ansiosa, e a introvertida interage menos com os outros por escolha, já que prefere ambientes tranquilos e sem grandes novidades.  

Juliana acrescenta: “É interessante notar que pessoas tímidas costumam ser introvertidas. A criança tímida pode ser mais propensa a ficar isolada nos momentos de recreação, olhando ou distraindo sem companhia ao invés de interagir com os pares. Essa experiência, por ser recorrente, pode, com o passar do tempo, influenciar o seu modo de ser e fazer com que ela se sinta mais confortável estando sozinha”, acrescenta Juliana. Por fim, ela retoma que um introvertido não é, necessariamente, tímido, pois o menor número de interações pode ser apenas uma preferência pessoal. 

Como os pais e professores podem ajudar os estudantes a lidar com a timidez? 

Juliana traz algumas estratégias para auxiliar a superar a timidez e o medo de se expor no dia a dia:

Para crianças

 

  • Estimule brincadeiras com outras crianças em diferentes contextos

Acompanhe ela no começo da brincadeira e se afaste aos poucos para que ela possa ir adquirindo confiança e, no seu próprio tempo, consiga se soltar.

  •  Reconheça a sensação que ela está sentindo

Converse e, aos poucos, busque desviar a atenção da criança para o que está acontecendo ao seu redor.

  • Mude o script dos momentos livres

Apresente a criança a diferentes programações. Vocês podem visitar parques e praças, por exemplo. Nesses locais, as crianças convivem e brincam juntas, mesmo sem se conhecerem. Quanto mais você puder envolvê-la em situações sociais, mais confiante ela irá se sentir.

Para adolescentes

  • Evite comparações 

Converse, escute e respeite suas opiniões - ajude-o a se sentir seguro ao se expor. Isso não significa que você precisa concordar com tudo que ele diz, mas sim que podem dialogar e trocar.

  • Estabeleça pequenos passos 

Incentive-o a começar aos poucos, expor sua opinião para as pessoas mais próximas ou em atividades de grupo com pessoas conhecidas.

  • Estimule a apostar nos momentos informais

Incentive um bate-papo no momento do lanche, sorrir e observar seus colegas. Os pares oferecem ótimas pistas de traquejo social.

Dicas extras: como lidar com a timidez na escola?

No dia a dia escolar, a timidez pode se intensificar. Juliana finaliza com algumas estratégias que podem proporcionar uma melhor qualidade de vida para a criança ou adolescente:

Dificuldade para esclarecer suas dúvidas

O professor deve fazer um combinado com o estudante, por exemplo: “anote todas as suas dúvidas no cantinho do seu caderno e no final da aula me mostre o que não entendeu por escrito. Se ainda tiver dúvidas, eu te explico.”

Sintomas físicos (ex: tremor, rubor nas bochechas, sudorese)

Sugerir uma atividade de relaxamento para todo o grupo, combinando exercícios respiratórios com movimentos de alongamento de braços e pescoço, é uma ótima ideia. Acredite: todos irão se beneficiar.

Dificuldade nos momentos de formar grupos

O educador deve ajudar para que o estudante consiga ser inserido com os colegas nessas atividades, buscando pares que apresentam um perfil mais acolhedor.

Apresentações em sala

Em momentos em que for necessário falar/se apresentar em público, oriente a fazer curtas pausas para respirar - mesmo durante a sua fala.

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