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04/04/2018

Alunos estudam Crônica nas aulas de Redação

A crônica é um gênero que tem relação com a ideia de tempo e consiste no registro de fatos do cotidiano em linguagem literária conotativa. A origem da palavra crônica é grega, vem de chronos (tempo), é por isso que uma das características desse tipo de texto é o caráter contemporâneo, conforme explicou a professora Fátima Rodrigues.

Os alunos do 9° ano do Ensino Fundamental, da Unidade Granja Vianna, durante as aulas de Redação e Produção Textual, da professora Fátima, estudaram sobre esse gênero e tiveram que usar a imaginação escrevendo uma crônica.

O aluno Gustavo Bittar se inspirou e soltou a imaginação em sua crônica, que revela o cotidiano, criando e emocionando.

Confira a crônica!

Fotografia nostálgica

Ondas espocam ao sol. Eu brinco acomodado, na refrescante espuma do mar que banha a areia. De pé ao meu lado, meu avô. O interstício entre o som relaxante da espuma borbulhante era notável pelo silêncio fúnebre e perturbado que prevalecia. Sinto-me um pouco triste. Talvez algum receio. Volto meu olhar ao idoso, e o bizarro, juntamente com a angústia da cena, vem à tona. E chega-me melada de nostalgia.
Ondas espocavam ao sol. Almejavam o pé do idoso. A primeira a salivar a ponta de seus dedos se consagraria como triunfante da corrida. Ele assumia a inércia de um manequim de loja de roupas, olhando continuamente o infinito horizonte. Pensava, refletia, discutia consigo mesmo. O velho ainda era vivo. Mesmo não sabendo, compartilhávamos da mesma premonição. Era como pressentíssemos algo. Voltei minha atenção ao ancião, e a imagem é uma fotografia. Uma imagem que se movimenta e é remodelada a partir de quem aprecia o seu barato. Um retrato, onde...
Ondas espocam ao sol. O menino admira o avô. Este sabe que sua missão foi cumprida. Embora fosse criança e tivesse também a ingenuidade de uma , o menino nota isso no avô. O olhar emocionado, reflexivo e despretensioso denunciava. Quebrando a estagnação, o garoto presenteia seu amigo com o mais sincero dos abraços. O amigo, com voz trêmula e afetada, responde: “Obrigado por tudo, filho.”
Mesmo não sendo efetivamente a última das memórias com meu avô, foi como uma despedida. Dei adeus a um homem que me serviu de exemplo de respeito e discernimento, ainda que meu contato com ele não fosse dos mais constantes. Dei adeus a um amigo. E apesar de ter deixado aspérrima dor e angústia ao partir, herdei como última e marcante recordação uma fotografia. Uma fotografia, de quando em vez, resgatada pelas profundezas de minha mente. Além e mais do que isso, uma fotografia zelada, para sempre em meu coração.


Gustavo V. Bitar – 9ª3