A sexualidade na infância e adolescência

by Colégio Rio Branco 22. agosto 2016 11:30

Queridos pais,

Parece brincadeira, mas se passaram quatro anos desde que decidimos, escola e família, criar esse canal de interlocução sobre a formação de nossas crianças e jovens: o Encontro com a Direção. Momentos especiais em que temas complexos são abordados e compartilhados, sem a pretensão de esgotá-los e sim de ampliá-los.

Mais do que uma conversa entre pais e diretoras, o grande segredo que esse espaço traz são as oportunidades de reflexão entre os próprios pais, que, com suas diferentes experiências de vida, têm muito a compartilhar. Com certeza, a cada encontro, saímos com algo a mais em nossas mentes e corações. Obrigada por essa oportunidade!

Nesse mês de aniversário, queremos trazer um tema que há algum tempo não abordamos: A sexualidade na infância e adolescência. Tema importante e desafiador, que envolve valores, autoestima, relação entre público e privado, redes sociais, erotização, informação de qualidade, respeito, enfim, esses e muitos outros aspectos!

Para nossa reflexão, sugerimos dois vídeos de profissionais que abordam alguns aspectos do desenvolvimento da sexualidade infantil e da adolescência:

Sexualidade | Psicóloga Infantil Daniella Freixo de Faria

Sexualidade Infantil - Saúde em Prática - TV Unesp

Esse é apenas um aquecimento para nossa conversa! Até lá!

24/08 – Unidade Granja Vianna (das 7h30 às 9h15) – Prédio das Faculdades Integradas Rio Branco

25/08 – Unidade Higienópolis (das 7h30 às 9h15) – Sala 101 – 1º andar

Grande abraço,

Esther Carvalho

Diretora-Geral

Área temática: Sexualidade

A privacidade dos filhos e o cuidado dos pais

by Colégio Rio Branco 30. maio 2015 11:19

Devo mexer nas coisas do meu filho? Eu tenho o direito de abrir a mochila do meu filho?Meu filho pode mexer nas minhas coisas? Como lidar com os segredos? O que é privacidade no ambiente virtual?

Quando pensamos sobre privacidade – nossa e de nossos filhos e alunos – somos tomados por diversas dúvidas e angústias. Estivemos reunidos, nos dias 27 e 28 de maio de 2015, nas unidades Granja Vianna e Higienópolis, para trocar ideias e reflexões sobre o tema, que é complexo, desafiador e inesgotável.

A grande novidade deste post é a contribuição de dois pais, Marcos Salvucci e Lúcia Helena S. Onelli, por meio de um depoimento, que pode ser lido no final desse texto.

Privacidade no contexto atual

Digite seu nome completo no Google e faça uma busca por você mesmo.

Ao pensar sobre o contexto atual, é preciso entender que, com a tecnologia e nossa íntima relação com ela, somos invadidos o tempo todo, via telefone ou internet, e nossas ações são amplamente monitoradas e registradas. Além disso, tudo o que fazemos online pode alcançar um número grande de pessoas – muitas vezes por que queremos e outras sem que percebamos, assim vivemos com a sensação de que não estamos anônimos.

Quando éramos crianças, nossas fotos viviam em álbuns de família só vistos pelos mais próximos, hoje as crianças já nascem sendo expostas nas redes sociais pelos adultos que a cercam.

Hoje, fala-se de uma “Adultescência” para demonstrar como os adultos se comportam na Internet, ou de um “jeito Facebook de viver”, em que as pessoas mostram a imagem que querem sobre a sua realidade nas redes sociais.

Privacidade em nossas famílias

Para trabalhar as questões que envolvem privacidade, é preciso ter clareza dos valores e crenças praticadas em nossas famílias, para garantir a coerência interna e dar segurança para as crianças e jovens.

O acompanhamento dos adultos, fazendo o contra discurso e estabelecendo as regras, faz toda a diferença na formação das crianças e jovens, pois nossos filhos irão transgredir, como parte do processo de crescimento e amadurecimento.

Conversar e educar crianças e jovens é o melhor caminho, construindo diálogo e colocando regras e limites.

Mas o conflito se amplia quando precisamos tomar decisões, como: olhar ou não o diário, abrir ou não a mochila, permitir ou não que o filho tenha a chave do quarto. Todas essas dúvidas são permeadas pelo reconhecimento da importância de se preservar a intimidade dos filhos, ainda mais quando se tornam adolescentes.

O direito de mexer ou não nas coisas de nossos filhos, por exemplo, se estabelece pela responsabilidade dos pais de cuidar. Ou seja, se existe a necessidade de preservar e proteger seu filho, é importante agir, dentro da dinâmica de cada família. Não existe uma fórmula, mas existe a certeza de que devemos fazer o que é melhor para nossos filhos.

Depoimentos

Novamente, o Encontro com a Direção produziu resultados muito satisfatórios e úteis para todos os que tiveram presentes. O tema abordado foi a Privacidade dos filhos X As ações da família e os cuidados necessários.

A grande preocupação externada pela maioria dos presentes esteve relacionada com as mídias sociais e suas diversas utilizações, tanto as boas, como as que são prejudiciais. Ficou claro que esse recurso é extremamente útil para pesquisas, atualização de informações e inclusive integração social do adolescente. Por outro lado, a grande preocupação está relacionada ao número de horas em que se utilizam esses meios, que podem atingir períodos muito longos e prejudicar, inclusive, o desempenho escolar.

Além disso, todos se preocupam muito com a facilidade que se tem para obter informações pessoais dos adolescentes, sendo que eles não estão preparados para lidar com pessoas mal intencionadas. Um dos participantes, inclusive, alertou que os marginais, estão utilizando esses meios para organizar sequestros, roubos e prostituição, sempre se aproveitando da inexperiência dos pequenos internautas.

Foi bem discutido, também, a exposição dos adolescentes nas redes sociais, onde eles acabam incluindo fotos e outras informações, sem se preocuparem que, em algum momento, presente ou futuro, isso poderá ser alvo de pesquisas e macular sua imagem. É importante alertar que, uma vez postada, a informação fica para a eternidade nas redes, mesmo que se apague a publicação. Caso alguém tenha acessado e guardado a mesma, isso poderá ser replicado indefinidamente. Temos casos recentes que levaram jovens ao suicídio por não suportarem a pressão desta exposição. Exposição essa que tem levado os jovens a sofrerem uma grande pressão com a preocupação de serem alguém nas redes, baseando-se no número de seguidores que tem.

Após os presentes abordarem com profundidade o tema, chegamos a conclusão de que apesar de toda a tecnologia envolvida nas redes sociais, a boa e velha conversa é o melhor caminho para atingir um bom termo de utilização das redes. Ficou muito claro que somente definindo limites e regras de utilização e acesso, acordadas entre ambos, é possível gerar uma utilização segura e preservar a privacidade na vida dos adolescentes. Chegamos novamente ao ponto em que a grande responsabilidade de educar e formar as crianças está com os pais, que, em algum momento, é quem deve definir as regras de atuação dentro das suas residências.

Saio muito satisfeito desse encontro, exatamente como tenho saído dos anteriores, com a satisfação de termos produzido muita informação e caminhos que podem ajudar a escola e os presentes no dia a dia com os nossos filhos. Tenho um grande amigo que usa uma expressão que traduz os encontros: “Perdeu quem não esteve presente!”.

Marcos Salvucci

Além dos limites e "puxões de orelhas", nós, pais, devemos tentar nos aproximar dos filhos, mantendo espaço para um diálogo aberto, mostrando interesse em conhecer os gostos e anseios, aumentando sua autoestima e nosso vínculo, gerando confiança mútua.

Lúcia Helena S. Onelli

Saiba mais

Leia o artigo da revista Scientific American Brasil, que traz reflexões sobre privacidade.

Why do you put photos of your children on Facebook? - Artigo de Jeremy Goldkorn.

Por que eu apaguei fotos e vídeos dos meus filhos da internet - artigo de Ryan McLaughlin.

Sexualidade: conceitos e reflexões - Finalizando nossos debates

by blogAdmin 2. setembro 2013 17:18

Em importantes oportunidades discutimos, juntos, escola e família, o tema “Sexualidade”, nos dias 28 de agosto na Unidade Granja Vianna e 29 de agosto na Unidade Higienópolis. Nesses momentos conseguimos concluir esse ciclo de debates, iniciado em abril, e enriquecido muito com a excelente palestra da Prof.ª Dr.ª Carmita Abdo, especialista em Sexualidade.

Encerramos este tema comemorando um ano dos “Encontros com a Direção”, este espaço tão importante para a construção conjunta de ideias, de troca de experiências e compartilhamento de vivências. Sabemos que ainda temos ainda muito a evoluir nesta experiência, mas a escola tem crescido muito e os pais também têm sentido essa experiência especial. Este é um momento em que pensamos, de verdade, sobre diversos assuntos que, muitas vezes, nos angustiam no dia a dia.

Assim, vamos retomar o que foi abordado nas palestras da Carmita Abdo:

            Tivemos a grande oportunidade de conversar sobre sexualidade com uma das mais importantes especialistas na área do Brasil. Foi um bate papo que surpreendeu a todos pela forma de tratar o assunto. Pudemos abrir nossas cabeças e corações para este tema que, muitas vezes, pode parecer bastante complicado de ser tratado, mas que deve ser encarado com transparência, verdade e, claro, delicadeza.

Para falar sobre o tema, primeiramente, a palestrante destacou que qualquer pessoa está atrelada a atividade sexual, pois sexo é algo muito importante, sendo o polo principal de estruturação e formação da identidade das pessoas e fazendo parte de todas as culturas.

            Para Carmita Abdo, a grande questão em tratar o assunto com nossos filhos é: responda sempre, mas responda somente o que foi perguntado. 

As pessoas apresentam diversas motivações para tornarem-se sexualmente ativas: relacionamento (intimidade e cumplicidade), identidade (sentir-se homem ou mulher), prazer (sentir-se desejável) e reprodução (desejo de engravidar). Além disso, ao lado do trabalho, da vida familiar e do lazer, a atividade sexual faz parte da qualidade de vida, segundo a Organização Mundial da Saúde. Com isso, é importante lembrar: Sexo com satisfação é algo construído ao longo da vida, a partir de uma vivência positiva!

            Entramos em contato com diversos dados e informações, que podem nos oferecer um panorama de como muitos jovens iniciam suas vidas sexuais:

  • A média de início da vida sexual ocorre em torno dos 15 anos de idade.
  • A vida com múltiplos parceiros é uma realidade.
  • Gravidez é primeira causa de internações (66%) em moças entre 10 e 19 anos na rede SUS.
  • Partos: ¼ do total no SUS são de adolescentes (10 a 19 anos).
  • O uso de preservativo é muito baixo e a vida sexual é muito livre. Muitas meninas não usam, pois suas amigas também não, e elas ficam receosas de os garotos preferirem fazer sexo com outras pessoas. Já os meninos se cuidam mais, mas quando percebem que a garota não tem sexo diversificado ele não se protege.
  • Algo que essa geração mostrou é que se faz sexo sem compromisso, pois inverteram a ordem das coisas e primeiro há o sexo e depois o relacionamento.
  • Redes Sociais: hoje tornaram a vida íntima das pessoas cada vez mais pública. O sexo é um meio de mostrar que você é moderno, descolado e livre para fazer o que bem entende. A privacidade está exposta de uma forma brutal.
  • Homossexualidade: viver uma fase de experimentação não quer dizer que é homossexualidade. Ninguém opta por ser homossexual ou heterossexual e nem deixa de ser, mas hoje se permite uma liberdade sexual que as gerações anteriores não se permitiam. Existe um lado positivo, pois isso é mais natural e pode evitar o preconceito, que gera perversões.
  • Se os jovens serão mais ou menos felizes em relação ao sexo depende de como os pais lidam com o assunto.

Vale lembrar que sexo saudável, primordialmente, é aquele que não prejudica você, nem o parceiro e nem a terceiros. Assim, não podemos normatizar o sexo de ninguém, mas é claro que existem regras para quem começa uma vida sexual e que, seguindo a tendência atual, fará sexo com múltiplos parceiros. Nossas avós começaram suas vidas sexuais com 15, que é a mesma idade de hoje. A diferença é que elas iniciaram já casadas e, hoje, as meninas começam aos 15 e vão se casar aos 30. Terão 15 anos de vida sexual múltipla. Isso é bom ou ruim? Depende de como serão esses parceiros, se eles vão se proteger e se eles terão maturidade para fazer aquilo a que se propõem. 

Por isso, educação sexual também é ensinar os jovens a saber se estarão prontos para fazer o que estão se propondo a fazer. Hoje, compromisso e sexo não têm, necessariamente, uma relação. É com isso que temos que lidar? Vamos ser a favor ou contra? Podemos ficar nos perguntando isso ou podemos ensinar nossas crianças e jovens a lidarem com essa situação!!!

Conversas entre pais e filhos sobre o tema podem fazer a diferença na vida e no futuro das crianças e jovens. Se queremos que os filhos façam sexo responsável e adiem a iniciação, precisamos oferecer educação sexual, conversando sobre essas questões. O mundo que se apresenta, sexualmente falando, é esse e é onde os jovens vivem, por isso, precisamos educar, orientar e dar conhecimento para que crianças e jovens tenham discernimento para se preparar quando as coisas acontecerem em suas vidas.

Após a palestra da Prof.ª Dr.ª Carmita Abdo, pudemos, juntos, refletir sobre todas os conteúdos, nossas atitudes e posturas na família e na escola.

Quais valores devemos passar e quais valores passamos de fato? Essa é uma importante reflexão para encontrarmos as repostas que queremos ao trabalhar o tema da sexualidade. Percebemos que a melhor forma é sabermos os valores e limites que temos em nossas casas, em nossas famílias e na escola e, mantermos sempre um canal direto para o diálogo.

Sobre o diálogo, nós, adultos, precisamos saber que os filhos não precisam contar tudo. Nós mesmos não contávamos tudo para os nossos pais. O ponto certo é estarmos abertos e preparados para perceber necessidades de informação, momentos de interferir e de responder às perguntas. Nosso papel é ser o contraponto para tudo que as nossas crianças e jovens têm acesso e que, muitas vezes, não é saudável, dando informações consistentes e de qualidade, ou seja, fazermos o contra discurso.

Neste mesmo sentido, precisamos mostrar aos nossos filhos que devemos ser responsáveis por nossos atos e essa responsabilidade está ligada às consequências. Precisamos avaliar se privamos demasiadamente nossas crianças e filhos das consequências de seus atos. Não é punir, é oferecer uma visão real de que atos implicam em consequências.

Neste encontro levantamos diversas ações e possibilidades que podem ajudar escola e família a trabalharem esse tema:

  • Reforçar, ainda mais, o tema como matéria em sala de aula, além de palestras e atividade que já são promovidas. Os temas drogas, internet e sexualidade já são trabalhados, mas vamos criar um programa contínuo e mais consistente.
  • A escola deve reforçar mais frequentemente as regras internas, como a da proibição do beijo em ambiente escolar.
  • Trabalhar com os alunos questões das redes sociais, da privacidade e da ideia de público e de privado.
  • Unir o papel da escola, da família e dos profissionais da saúde na abordagem do tema Sexualidade. Um profissional da saúde é o canal de informação consistente para nossos filhos.
  • Pesquisa: realizar no Colégio Rio Branco um levantamento sobre o conhecimento dos alunos sobre o tema sexualidade, o que possibilitaria verificar mais assertivamente as ações que devem ser feitas.

 


Saiba mais

Se quiser saber mais sobre o trabalho da Prof.ª Dr.ª Carmita Abdo, acesse o site do ProSex, Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. A especialista coordenou o “Estudo da Vida Sexual do Brasileiro”, considerado o maior do gênero já realizado no Brasil, e escreveu o livro “O descobrimento sexual do Brasil”, pela Summos Editorial. Vale a pena conferir o Portal da Sexualidade, que, a partir de um cadastro, oferece artigos sobre o tema segmentado para os mais diversos públicos; e o Museu do Sexo, que conta a história da sexualidade na humanidade.

Aviso importante: cancelamento de palestra

by blogAdmin 18. junho 2013 18:34

Tendo em vista as manifestações e acontecimentos na Grande São Paulo, transferiremos o Encontro Marcado com as palestras da Prof.ª Dr.ª Carmita Abdo, marcadas para os dias 19 de junho na Unidade Higienópolis e 24 de junho na Unidade Granja Vianna, para agosto.

Os Encontros com a Direção, marcados para os dias 26 de junho na Unidade Granja Vianna e 27 de junho na Unidade Higienópolis, nos quais trataríamos o  tema “Sexualidade”, a partir das palestras da Prof.ª Dr.ª Carmita Abdo, também estão cancelados.

Assim que possível, avisaremos as novas datas para o Encontro Marcado e para os Encontros com a Direção.

Área temática: Sexualidade

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Sexualidade: conceitos e reflexões

by blogAdmin 12. junho 2013 16:49

Demos continuidade às nossas reflexões sobre o tema “Sexualidade” nos encontros dos dias 22 e 23 de maio, resgatando importantes questionamentos do primeiro encontro, realizado em abril, sobre o assunto: a importância dos valores familiares; a questão da precocidade, resultado dos muitos estímulos a que nossas crianças e jovens estão expostos; a diversidade sexual; entre tantos outros que vamos explorar neste post.

O principal aspecto que deve estar claro para as famílias é a questão dos valores. Sempre ouvimos de nossos filhos que a mãe ou o pai do colega é mais legal, mas sabemos que a convivência intensa e árdua da família somos nós quem temos e, por isso, somos nós quem devemos trabalhar os valores com nossos filhos. Esses valores, certos ou errados, devem ser coerentes com nossas posturas e isso não quer dizer que não possam ser transformados.

As informações sobre sexualidade dos filhos estão profundamente ligadas aos valores das famílias. Portanto, é importante que tenhamos posicionamentos claros diante de alguns temas que envolvem a orientação e educação sexual de nossas crianças e jovens:

Autoestima Positiva: deve estar presente na educação da criança. Devemos fazer com nossos filhos a seguinte reflexão: “o corpo é seu e ele deve ser preservado e cuidado, para que quando você decida compartilhá-lo com alguém, possa ser uma experiência positiva”. Muitas vezes, sem perceber, acabamos repercutindo uma cultura do preconceito, propagando modelos pré-estabelecidos pela sociedade. A reflexão sobre esse tema deve, ainda, ser feita para além das questões relacionadas ao corpo, como gostar e respeitar a si mesmo, com todas as suas características.

Limites: somos nós, adultos, quem colocamos os limites para nossos filhos. Nós somos responsáveis por decidir as condutas que adotaremos em questões como televisão, internet, horários e, inclusive, no apoio às crianças e jovens na descoberta do corpo.

Diálogo: quando é o momento de começar a falar sobre sexualidade? Como não antecipar esse assunto? Como conduzimos essa conversa? Dizer a verdade sempre é a principal orientação, pois não temos controle sobre o conjunto de informações que os jovens têm acesso. É preciso manter um canal de diálogo aberto, sabendo que não podemos ter a expectativa de sermos, além de pais, os melhores amigos de nossos filhos em todos os momentos.

Maturidade: é uma construção e está ligada ao conceito de autonomia. Vivemos um mundo em que a precocidade está presente na vida de nossos filhos, por isso temos a necessidade de trabalhar alguns temas cada vez mais cedo. Sabemos que, muitas vezes, o corpo parece estar preparado, mas como ficam a cabeça, o coração e a autoestima?

Em grupos, os pais puderam explorar esses quatro tópicos ainda mais e levantar outros aspectos interessantes, enriquecer o debate e promover uma troca verdadeira de experiências.

O grupo que discutiu a Autoestima Positiva, destacou que a questão da aparência é delicada, pois muitas vezes há um exagero com academia e com o culto ao corpo, e, por mais que haja uma filosofia em casa, existe uma pressão grande que vem de fora. Os pais refletiram, ainda, sobre a importância de trabalhar o tema de forma correta, pois, muitas vezes, os adultos usam as formas e as palavras erradas. Assim, vale repensar a abordagem da ‘beleza’: a beleza é uma questão relativa e precisamos valorizar – e ensinar nossas crianças e jovens a valorizarem - o nosso corpo da forma como ele é; dicas abordadas: valorizar o que a criança tem de melhor e, em seguida, destacar as atitudes erradas e mostrar para nossos filhos que quando lembramos de uma pessoa da qual gostamos, lembramos de coisas boas e não de características de beleza. Em contrapartida, na discussão surgiu a necessidade de cuidado com o excesso de autoestima que pode gerar arrogância. Precisamos saber lidar com o tema da Autoestima Positiva, com todos os desafios. Na cultura ocidental, existe a ideia de que envelhecer é feio e isso não é verdade. Veja esta campanha da Dove, “Retratos da Real Beleza”, que mostra como as pessoas se enxergam de formas diferentes do que elas realmente são, sem valorizarem suas próprias belezas.


O grupo que abordou o tema Limites ressaltou o fato de que ele está ligado aos valores de cada família ao mesmo tempo em que há os valores básicos que devem ser compartilhados por todos. A questão do ‘não’ e do ‘sim’ foi bastante explorada e todos concordaram que é essencial fazer com que essas duas palavras tenham e façam sentido quando utilizadas, para que sejam coerentes, tenham força e desenhem, de fato, o limite. Os pais falaram em AMOR (com letras grandes), pois as crianças aprendem que quando falamos ‘não’ estamos as amando, por mais que não gostem. Quando alguém fala ‘sim’ e, em seguida, fala ‘não’, e vice versa, isso gera frustração.

No tópico Diálogo, os pais falaram sobre a necessidade de abrir estratégias para conversar com os filhos, criando espaços eficientes e verdadeiros. Para dialogar é necessário saber ouvir e nem sempre os pais estão prontos para ouvir seus filhos. Em divergências, vale saber que quando todos os argumentos se esgotam, é necessário que os adultos coloquem os limites. Há regras que precisam ser seguidas, como o respeito a si mesmo, respeito aos outros e responsabilidade sobre os próprios atos. A troca de ideias entre os pais também foi destacada pelo grupo, como um recurso a mais para fortalecer as atitudes dos adultos com relação aos seus filhos. Com situações semelhantes e diferentes pontos de vista, os pais ampliam sua visão sobre esses desafios e sentem-se mais seguros para tomar decisões.

Para abordar o tema Maturidade, o grupo de pais colocou em pauta a questão da autonomia e da precocidade. Para os pais, a maturidade está relacionada a um conjunto de fatores, dentre eles os abordados anteriormente. Informação, autoestima positiva, limites e diálogo são a via segura para que nossos filhos construam sua autonomia moral, emocional e cognitiva e estejam prontos, ou seja, maduros para viver as diferentes experiências no decorrer de suas vidas. Autonomia e maturidade se constroem com os exemplos e limites dos pais. É necessário, também, fazer com que nossas crianças e jovens tenham consciência da consequência de seus atos e que tenham noção de futuro para além do ‘imediato’, trabalhando questões como: o que é a iniciação sexual; para quem me entrego; qual o impacto e as consequências dessa decisão. No momento em que nossas crianças têm acesso a informações e experiências de maneira precoce, não estando prontas para experimentá-las, temos que acompanhar e orientar nossos filhos com limites e exemplos.

Juntos, pudemos destacar importantes aspectos sobre o tema “Sexualidade”, compartilhando nossas dúvidas e medos na busca por atitudes assertivas. Sabemos que devemos, a partir dos valores de nossa família, trabalhar a autoestima positiva, estabelecer limites, criar espaços para o diálogo e valorizar e trabalhar a maturidade, mas as situações e vivências estão, de fato, muito mais complexas do que poderíamos acreditar. Por isso, continuamente, devemos suscitar em nossos jovens a reflexão e a autocrítica.

Tendo em vista essa complexidade, o tema “Sexualidade” ainda será abordado em mais um “Encontro com a Direção”, no dia 26 de junho na Unidade Granja Vianna e dia 27 de junho na Unidade Higienópolis, quando poderemos fazer um fechamento do assunto e apresentar aos pais como a escola trabalha todas essas questões, dentro do Projeto Político Pedagógico.


Dicas de livros, sites e novidades


Com uma linguagem descontraída e direta, o médico e educador Jairo Bouer dialoga com o jovem sobre diversos temas relacionados à Sexualidade. Em seu site é possível ter acesso a informações atuais e tirar dúvidas com o médico. Assista, também, a entrevista com a jornalista Marilia Gabriela, para o programa “De Frente com Gabi, de 13 de junho de 2012.

Livros
Sexo e Cia. - Publifolha
O Corpo das Garotas - Editora Original 
Álcool, Cigarro e Drogas - Editora Original 
O Corpo dos Garotos - Editora Original 
Primeira Vez - Editora Original
“Filhos – adolescentes de 10 a 20 anos de idade” - Sociedade Brasileira de Pediatria - Editora Manole


Sexualidade: conceitos e reflexões

by blogAdmin 17. maio 2013 15:50

O segundo Encontro com a Direção uniu pais e responsáveis em torno do tema “Sexualidade”. Juntos, pudemos levantar importantes e desafiadoras questões sobre o assunto em uma grande reflexão.

O que é sexualidade? É algo que vai além do relacionamento sexual e refere-se a conceitos e ideias como: autoconhecimento; relação humana; manifestação de afeto, de desejo e de prazer; está ligado à cultura, valores sociais e morais, tabus e preconceitos; envolve aspectos biológicos e políticos; maturidade física e emocional; aspecto comercial; comunicação e exemplo familiar; exposição; modismo; precocidade; comportamento; influência das mídias; responsabilidade; gênero e identidade; auto estímulo - como eu me percebo, o quanto meus pais me ensinaram a pensar sobre isso, o quanto eu me exponho; promiscuidade; questão da cobrança da sexualidade; entre tantos outros aspectos que levantamos durante nossa conversa.

A transgressão e as experiências novas fazem parte da evolução e amadurecimento das crianças e jovens. A atuação dos adultos, como referência para as novas gerações, como sempre, continua sendo fundamental. Mas, hoje, nós, pais e educadores, enfrentamos um momento desafiador e nos sentimos impactados pela complexidade das recentes mudanças da sociedade. A grande diferença da atualidade parece ser o acesso a um imenso volume de informações via internet, fazendo com que nossas crianças e jovens tenham contato, sem filtros, com conteúdos do mundo adulto, muitas vezes não saudáveis que, as vezes, até nós, pais e educadores, desconhecemos.

Para abordar esse tema em nossas casas, o primeiro passo é saber quais são os valores de cada família, para que possamos fazer o contra discurso, sendo referência para nossos filhos e mostrando o que é importante.

Ainda discutiremos o tema “Sexualidade” em nosso próximo encontro, marcado para os dias 22 de maio, na Unidade Granja Vianna, e 23 de maio, na Unidade Higienópolis. Por enquanto, confira abaixo nossas dicas de conteúdo, a partir das principais questões levantadas pelos pais.

Questões levantadas

  • Sexualidade nos dias de hoje
  • Sexualidade e internet: Mídias Sociais, exposição, segurança
  • Sexualidade na mídia televisiva, cinema e artes
  • Sexualidade e individualidade
  • Sexualidade e autoestima
  • Idade/maturidade para a primeira relação sexual/Precocidade sexual
  • Influência das amizades
  • Gravidez precoce
  • Adolescência e a ebulição hormonal: como lidar?
  • Diálogo entre pais e filhos: como tratar as diversas questões sobre sexualidade para filhos de diferentes idades - a pressão social do grupo, o medo de crescer e a negação da sexualidade, a descoberta do corpo e a curiosidade sobre o feminino? Em qual idade devemos começar a falar sobre sexualidade e como falar?
  • Como falar de forma natural sobre a diversidade sexual? Como entender e interpretar as diferentes possibilidades sexuais apresentadas no mundo moderno?
  • Comportamento dos adultos: como agir quando os pais de outras crianças estimulam a precocidade sexual?
  • Como impor limites para a sexualidade em uma sociedade em que se prega tudo tão abertamente?
  • Valores familiares e limites

Dicas de livros, sites e novidades

A obra “O grande livro da sexualidade” (Didáctica Editora), das autoras Caterina Candia, José Díaz Morfa, Mercedes Botella e Pilar Lopezona explica de forma clara e cuidadosa diversos temas para as crianças.

De onde viemos? Explicando às Crianças os Fatos da Vida, Sem Absurdos”, dos autores Peter Mayle e Arthur Robins, da Editora Nobel, também é uma boa opção de literatura sobre o assunto.

Uma referência no assunto é a médica Carmita Abdo, professora de Psiquiatria e coordenadora geral do ProSex, Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. A especialista coordenou o “Estudo da Vida Sexual do Brasileiro”, considerado o maior do gênero já realizado no Brasil, e escreveu o livro “O descobrimento sexual do Brasil”, pela Summos Editorial. Vale a pena conferir o Portal da Sexualidade, que, a partir de um cadastro, oferece artigos sobre o tema segmentado para os mais diversos públicos; e o Museu do Sexo, que conta a história da sexualidade na humanidade. Para conhecer um pouco mais o trabalho da especialista Carmita Abdo, este é o vídeo de uma palestra do Núcleo de Pesquisa em Estudos Culturais, com a produção da CPFL Energia, que coloca em debate o processo de modificação do comportamento da sociedade frente ao desejo, sexo e a sua liberdade proporcionada pela contemporaneidade.

O Portal Brasil Escola oferece conteúdos sobre diversos temas relacionados à educação e pesquisa, apoiando pais, alunos e educadores em suas pesquisas. Confira alguns textos sobre sexualidade.

O Portal Mundo Educação disponibiliza materiais e curiosidades para adolescentes, jovens e adultos, produzidos por professores e especialistas. Há conteúdos sobre sexualidade.

Grande abraço a todos e até nosso próximo encontro! Utilizem esse nosso espaço para comentários, dúvidas e sugestões.

Esther Carvalho