Bullying: O que é? Como acontece? Como atuar nessa situação?

by blogAdmin 1. julho 2014 18:19

Compreender melhor o que é e o que não é o chamado Bullying e pensar como família e escola podem atuar para desenvolver a cultura da paz. Essas foram as propostas do Encontro com a Direção do mês de junho, realizado nos dias 25 e 26.

Para apoiar as reflexões sobre o tema, foi utilizado o vídeo “Bullying e cyberbullying: conhecer para prevenir”  da Dra. Cleo Fante, autora do programa antibullying "Educar para a paz", vice-presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar e pesquisadora pioneira no Brasil sobre o Bullying Escolar. Embora o vídeo tenha sido produzido para profissionais da educação, traz elementos bastante interessantes para os pais.

O que é bullying?

Segundo a pesquisadora, o bullying é uma forma de violência tão antiga como a escola, mas seu estudo é recente. Pode se manifestar de forma verbal, física, moral, psicológica, sexual, material, social ou virtual.

Cleo Fante define bullying da seguinte forma: "um estudante ou vários adotam, intencionalmente, comportamentos agressivos e repetitivos contra outro em desvantagem de força ou poder, colocando sob tensão e dominação, resultando em danos e sofrimentos sem motivos evidentes".

Identificar o bullying não é tão simples e é preciso diferenciá-lo de outros tipos de conflitos. Para que algo seja entendido como bullying, é preciso que tenha as seguintes características:

•         persistência e continuidade das agressões contra o mesmo alvo;

•         ausência de motivos que justifiquem os danos ou agressões;

•         intenção do autor em causar danos;

•         desequilíbrio de poder entre as partes; prejuízo causado às vítimas.

Refletindo sobre bullying

Juntos, pensamos, no âmbito da escola e dos lares, como trabalhar e conduzir essa discussão.

Como o bullying pressupõe uma relação de força, com alguém ou um grupo subjugando uma pessoa com intencionalidade e frequência, é preciso atuar em, pelo menos, três perspectivas: com quem pratica o bullying, que revela uma agressividade contida que pode ser gerada do sentimento de segurança ou autoafirmação; com quem o sofre, que precisa criar mecanismo para se fortalecer; e com quem assiste e, de alguma forma, incentiva ou não inibe esse tipo de ação.

Muitas vezes, as agressões são sutis e a criança ou adolescente não consegue procurar ajuda ou se defender. Além disso, cada pessoa recebe as brincadeiras, os apelidos, os olhares de uma forma muito particular.

Existe, ainda, o grupo, que, de alguma forma, é tolerante com isso. Se o grupo se manifestasse, se incomodasse ou reagisse não haveria essa situação. No ambiente virtual, essa dinâmica complexa fica ainda mais ampliada.

Família e escola contra o bullying

Para enfrentar este tema e tantos outros do dia a dia escolar, é muito importante que família e escola trabalhem juntas. Nós, adultos, temos o papel de dar limite, sempre que necessário, oferecendo orientação e apoio nas mais diversas situações.

Quando nos focamos na atuação contra a prática do bullying, precisamos ter clareza em relação a alguns aspectos:

partimos do princípio de que crianças e jovens transgridem, pois é o exercício de crescer; e na escola, as crianças e jovens aprendem a se relacionar;

educamos e transmitimos valores importantes, em casa, para nossos filhos, mas não estamos livres da chance de o nosso filho estar exercitando bullying;

quando tratamos de um acontecimento que envolve bullying, não podemos partimos do princípio de que tudo está errado e somente o nosso filho está certo;

assim, quando estamos em contato com as diversas situações de conflito, é importante refletirmos sobre a seguinte frase: “o FILHO não fez nada, mas o ALUNO fez”;

muitas vezes, enxergamos nossos filhos como cristais que podem quebrar, mas eles são diamantes, fortes, que conseguem lidar com as dificuldades. Temos que desenvolver a capacidade de resiliência desde pequenos, para que nossas crianças e jovens possam viver todos os conflitos que vão surgir ao longo de suas vidas;

quando escola e família são parceiras e estão alinhadas, conseguimos fortalecer valores para os jovens, deixando claro que bullying é intolerável, a todo e qualquer momento.

É importante, também, que todos saibam como a escola atua nas diversas situações. Trabalhamos juntamente com o grupo de alunos, com conversas e entrosamento, para todas as idades, mediando os conflitos, no dia a dia do ambiente escolar, avaliando a gravidade e aplicando as ações específicas adequadas. Caso a situação demande, a família é envolvida.

Existe, ainda, o Conselho Disciplinar para alguns alunos, com a Orientação Educacional, a advertência, a permanência condicionada e, por fim, a transferência compulsória. Estes são pontos de referência para o aluno e é como a escola trabalha, formalmente, a disciplina.

O que não é bullying

Vale destacar que é muito importante diferenciar o que é brincadeira, o que é ofensa e o que é pejorativo.

Existem conflitos que não são bullying e muitas vezes nos colocamos na frente de problemas que são próprios da idade e vão passar. Assim, acabamos por colocar uma carga despropositada nesses acontecimentos.

Nosso papel, como adultos, é ajudar para que crianças resolvam os conflitos entre si, tendo cuidado para não rotular conflitos corriqueiros e que fazem parte da dinâmica das crianças e do seu crescimento.

Mais indicações

Durante o encontro em Higienópolis, foi sugerido o livro Ponte para Terabitia, de Katherine Paterson, Editora Salamandra, que conta a história de uma grande amizade entre dois jovens e os conflitos na escola, com algumas situações de bullying. Existe, também, o filme, com o mesmo nome.

Outro portal que oferece diversas informações sobre o tema é o “Bullying não é brincadeira”.

Uma boa indicação é o Blog Educa Tube, que apresenta alguns textos sobre o tema.

Área temática: Bullying

Cultura da Vaidade e do Consumo

by blogAdmin 26. maio 2014 18:13

De que forma o mundo do consumo entra no mundo infantil?
O que leva pessoas, no geral, e crianças, particularmente, a darem valor ao consumo?
Estamos vivendo a cultura da vaidade?
A vaidade é ou não é um problema?
Qual o limite da vaidade?

Essas perguntas, certamente, despertam em nós, adultos, pais e educadores, muitas reflexões, angústias e conflitos. Tivemos uma rica oportunidade de nos debruçar sobre elas em nosso Encontro com a Direção, nos dias 24 e 30 de abril.

Por meio do vídeo de uma palestra do especialista em psicologia e professor, Yves de La Taille, pudemos compreender alguns conceitos e reflexões sobre o tema “Cultura da Vaidade e do Consumo”, que pautaram nossa conversa.

No vídeo, o especialista oferece uma contextualização sobre as relações entre consumo, sociedade e criança. Para ele, o "ser consumidor" leva as pessoas a valorizarem o consumo, associando- o à identidade. Yves de La Taille destaca, ainda, que hoje vivemos em uma cultura que pode merecer o nome de cultura da vaidade. Superficialidade, heteronomia e aparência são aspectos que estão diretamente ligados à vaidade.

O psicólogo fala, também, sobre o perfil de pessoa que, na atualidade, tem visibilidade social, costuma ser admirado e inspira os desejos. Hoje, essa pessoa pode ser sintetizada no conceito de ‘vencedor’. O vencedor de hoje não é aquela pessoa que se deu bem na vida, é alguém que se deu melhor que os outros.

Vaidade e Consumo

Num movimento de projeção, as pessoas passam a desejar ter e ostentar o que os "vencedores" têm. Sabemos, também, que estamos numa sociedade que, desenfreadamente, incentiva o consumo.

Pensando nessas duas esferas – vaidade e consumo, refletimos sobre a diferença entre o “se dar bem” e o “se dar melhor” e sobre quem elegemos como modelos de sucesso. Falamos, então, sobre o exemplo do jogador de futebol Neymar, que muito jovem já é um herói e não um jovem com um futuro pela frente para se tornar um herói. Nesse sentido, ser um vencedor significa, também, usar as marcas de um vencedor e ter a aparência de um vencedor.

Nosso papel no dia a dia

Como pais, educadores e adultos, temos o papel de fazer o contra-discurso e perceber em qual medida, no dia a dia, incentivamos o consumo exagerado e a vaidade. Mesmo sabendo que também somos afetados por essas questões, devemos ter clareza sobre o limite da vaidade. Temos que escolher, como pais, o que queremos deixar para nossos filhos, qual é o nosso legado.

Sobre os modelos que escolhemos para admirar e para nos inspirarmos, devemos mostrar para nossas crianças e jovens as diferenças entre o que é ser uma celebridade e o que é ser uma pessoa que conquistou prestígio.

Também falamos sobre nossas atitudes diante do consumo. Avaliamos como, sem perceber, acabamos antecipando as necessidades de nossos filhos e alimentamos o impulso para o consumo. Ao darmos algum presente para nossas crianças e jovens, precisamos pensar sobre o que isso despertará, o que vem depois, como agir quando essa criança crescer e querer mais. É muito sutil e delicado, mas sem perceber, acabamos por criar uma dinâmica de troca das coisas, damos coisas e fazemos concessões para compensar nossa ausência, para não deixar nossos filhos deslocados e, assim, cedemos à pressão.

Angústias, inseguranças e medos são normais diante de questões desafiadoras como esta e o nosso grupo de pais, junto com a escola, tem um papel muito especial de contribuir para a construção de uma consciência mais elaborada sobre diferentes temas, por meio da troca de experiências.