Educar filhos e alunos para a perseverança e resiliência

by Colégio Rio Branco 11. março 2015 11:25

Ficamos muito felizes com o primeiro Encontro com a Direção de 2015, que reuniu mais de 50 pais em cada uma das unidades, nos dias 25 e 26 de fevereiro. Foi um momento especial para reafirmarmos nossa crença de que o trabalho conjunto entre família e escola é o caminho para educar melhor nossas crianças e jovens.

Neste encontro, discutimos o tema “Educar filhos e alunos para a perseverança e resiliência”. Tema interessante e desafiador, que trouxe excelentes oportunidades de trocas de ideias, crescimento para todos nós e aprimoramento da escola.

“Para fazermos a diferença no mundo, temos que honrar todos os nossos sonhos”

Thiago Feijão

Para inspirar as nossas discussões, assistimos a um trecho do vídeo-depoimento de Thiago Feijão, um jovem empreendedor, ex-aluno do ITA e idealizador da Plataforma QMágico.

Neste depoimento, dado para o TED, uma fundação americana que tem o objetivo de disseminar boas ideias em vídeos na internet, Thiago Feijão fala sobre sonhos, ideais, desafios e escolhas.

Thiago Feijão é um apaixonado por educação, que descobriu sua vocação ao ensinar pessoas. Seu trabalho, que começou em ONGs, impactando poucas pessoas, hoje atinge milhares de pessoas por meio de sua plataforma de aprendizagem online. Ele acredita que assim pode retribuir para a sociedade todas as oportunidades que teve de estudar e se formar em uma faculdade de excelência.

Confira o depoimento na íntegra.

Humildade, vontade, perseverança, resiliência, compaixão, empreendedorismo, decisão, segurança, visão, criatividade, liderança, pragmatismo, espírito de equipe, cidadania, consciência de seu entorno. Essas são algumas das características que apreendemos das palavras de Thiago Feijão.

Precisamos pensar como trabalhamos essas e outras características em nossas crianças e jovens, na escola e na família. O trabalho do  Colégio Rio Branco está voltado para  que os alunos não somente tornem-se pessoas plenas e felizes, mas que, essencialmente, façam a diferença no mundo, transformando positivamente a sociedade.

Desenvolvendo a perseverança e a resiliência

Os pais foram divididos em grupos e discutiram o tema a partir de oito palavras norteadoras e sua relação com o desenvolvimento da perseverança e da resiliência. Confira alguns detalhes dos debates abaixo.

Limites

Os pais são de uma geração em que havia muitos limites e hoje precisamos coloca-los, também, para as crianças e jovens. Quando há limites desde cedo, os filhos se adaptam. Por isso, não podemos iniciar esse processo apenas na adolescência. Assim, é preciso pensar nos limites a partir das seguintes perspectivas: saber negociar, saber ouvir, estabelecer limites pela razão e não pelo medo, dar carinho físico, elogiar e reconhecer as boas atitudes.

Disciplina

Parece uma palavra negativa, mas é algo necessário desde que a criança nasce, tão importante como saber negociar com os filhos e colocar limites. Trabalhar a disciplina é algo que deve começar em casa, com um trabalho diário dos pais. Os filhos vão burlar os limites e precisam saber que os atos têm consequências e que é necessário lidar com o ‘não’. Outro aspecto importante é que a disciplina gera autonomia, quando bem trabalhada.

Desafios

Hoje, o que não faltam na vida de todos nós são os desafios e sabemos que lidar com situações pouco desafiadoras pode desestimular, assim como excesso de desafio pode imobilizar ou frustrar. Assim, como pais, devemos ajudar nossos filhos a lidarem com os desafios, sem protege-los demasiadamente. Somos exemplos, ou seja, precisamos saber lidar com nossos próprios desafios no dia a dia, para que nossos filhos tenham a quem seguir. Da mesma forma que devemos ser persistentes e resilientes dando o exemplo, mesmo sabendo que hoje a vida é mais complexa do que foi para as gerações anteriores.

Superproteção

Pais precisam estar atentos para não negligenciar e nem superproteger os filhos. Oferecer às crianças e jovens uma rotina, disciplina e limites é dar proteção e segurança, pois nossos filhos precisam ter referências. Mas é essencial dar a oportunidade para que a criança se desafie ou seja desafiada. É preciso confiar na educação que damos e não superproteger, acreditando que nossos filhos serão desafiados e podem ter sucesso.

Tolerância

Cada família tem seus próprios limites e trabalha a tolerância de forma diferente. Mas hoje, o que é visto é um excesso de tolerância e a dificuldade dos pais em colocar limites. Essa questão precisa ser trabalhada, pois os pais são o principal exemplo.

Frustração

Frustração faz parte do processo de crescimento. Privar os filhos de frustração é algo que não favorece o desenvolvimento da resiliência. Valorizar o esforço, incentivar a continuidade do trabalho e gerenciar o sentimento de frustração são caminhos para que crianças e jovens se fortaleçam.  E é importante saber que frustrações vão ocorrer, mas que nossos filhos precisam lidar com essas situações.

Autoestima

Devemos apoiar nossas crianças e jovens na construção da autoestima. O autoconhecimento leva à autoestima, ou seja, nossos filhos devem aprender a perceber o que os diferencia, quais são suas habilidades e competências e saber se valorizar e reconhecer pequenas conquistas, pois muitas vezes o reconhecimento não virá de outras pessoas. Crianças e jovens devem, também, conhecer seus desafios e pontos de aprimoramento. Assim como a autoestima positiva é fundamental para a resiliência, o excesso de autoestima pode ser ameaçador no sentido que desenvolve a arrogância, a falta de humildade e dificulta o crescimento dessas competências.

Trabalho duro

As crianças e jovens precisam do exemplo dos pais para mostrar os valores de se esforçar para conquistar os objetivos. Atualmente, os jovens têm muitos atrativos que desviam o foco do que é o trabalho duro. Assim, é necessário, em primeiro lugar, tirar a ideia de que tudo tem que ser prazeroso e mostrar que há rotinas, limites e responsabilidades, com tarefas até mesmo dentro de casa, para que nossos filhos aprendam o valor do esforço e de suas conquistas.

Uso do celular

O uso do celular, embora pareça estranho ao contexto da discussão, está intimamente ligado ao desenvolvimento da resiliência e da autoestima. Como uma ferramenta poderosa, pode estar a serviço da aprendizagem e da comunicação. Entretanto, é considerado, também, como o "prolongamento do cordão umbilical", pois com frequência, faz com que as crianças e jovens acionem seus pais em momentos de conflitos ou desafios que eles poderiam solucionar sozinhos.  Nesse sentido, não favorece a autonomia.  Precisamos aprender a lidar com essa ferramenta que está tão presente no ambiente escolar e familiar. É importante ter regras para o uso do celular e os adultos também devem ficar atentos com o seu uso excessivo. Vale destacar que na escola, o celular pode ser uma ferramenta educacional em determinados contextos pedagógicos. Fora desses momentos, o celular só é permitido no intervalo de aula.

Foi muito interessante ver como os temas são interligados, ficando muito difícil uma análise isolada. A apresentação de cada um dos representantes dos grupos foi muito interessante e enriquecedora. Entendemos que o conflito faz parte da vida de todos, adultos, jovens e crianças, e com eles aprendemos a ser resilientes e perseverantes.

Adultos são mais do que um porto seguro para os filhos, são exemplos. Escola e família têm o desafio de fazer dessas crianças pessoas resilientes, perseverantes e autônomas.