Como falar sobre saúde mental com crianças e adolescentes


A
saúde mental, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), diz respeito a um estado de bem-estar que permite que as pessoas lidem de forma positiva com os estresses e imprevistos do dia a dia, desenvolvam suas habilidades e sejam capazes de aprender e trabalhar adequadamente. A saúde mental é um direito humano fundamental e elemento essencial para o desenvolvimento pessoal e social. 

“O conceito mostra que a vida apresenta desafios, mas a questão é como se lida com eles. Alegria, tristeza e medo, por exemplo, são emoções que fazem parte do cotidiano e correspondem a reações diante de situações vividas. Logo, ter saúde mental não implica em um estado contínuo de felicidade”, aponta Juliana Góis, orientadora educacional de apoio à aprendizagem do Colégio Rio Branco. 

 

Saúde mental e impactos no desenvolvimento

Segundo Juliana, é comum as pessoas relacionarem a infância a crianças curiosas, ativas e alegres. Da mesma forma, a adolescência à busca por novas experiências, questionamentos e à identificação com os pares. Porém, em ambas as fases, ou melhor, em qualquer momento da vida, podemos nos deparar com condições que afetam o bem-estar emocional

“Assim como sabemos da importância dos cuidados com a saúde física de nossos filhos, é importante nos atentarmos a como eles lidam com as adversidades. E como percebem e reconhecem suas habilidades e limites, além do quanto demonstram valorizar a vida a despeito das pedras que inevitavelmente observam, desviam ou tropeçam enquanto caminham. Conflitos e frustrações são inerentes a qualquer trajeto”, destaca. 

A orientadora educacional diz que prejuízos na saúde mental podem acarretar dificuldades no aprendizado e nas relações sociais, comportamentos de risco e até mesmo impactos na saúde física. “Logo, é nosso papel cuidar da saúde mental, discutirmos sobre ela e termos clareza do seu impacto na vida de pessoas de todas as idades”, afirma. “Também é essencial investirmos em hábitos que geram bem-estar e nos despirmos de qualquer preconceito para identificar e tratar quaisquer doenças e transtornos no campo psíquico.” 

 

Como abordar o tema

Tratar desse assunto com as crianças e os adolescentes pode ser uma tarefa complexa para pais e educadores, mas é algo necessário para promover momentos de troca. “Por meio da fala e da escuta, eles desenvolvem habilidades e recursos para lidar de forma assertiva com suas emoções e sentimentos, mesmo em situações mais delicadas, frustrantes ou desafiadoras”, detalha Juliana. 

Para isso, o primeiro passo, de acordo com ela, é usar uma linguagem acessível e compatível com capacidade de compreensão das diferentes faixas etárias e, ainda, ajustada conforme as particularidades de cada um. “Não há uma receita pronta, diferentes nuances são normais e até mesmo esperadas”, ressalta. Ela traz algumas dicas e sugestões que podem ajudar na conversa:

Com crianças 

  • Insira o assunto de forma natural: falar sobre saúde mental no dia a dia ajuda a quebrar o tabu em torno do tema. Isso pode ser feito de forma simples, ajudando as crianças na identificação de suas emoções; explicando que todos sentem alegria, medo, tristeza e raiva; e dando acolhimento e orientações em relação ao manejo das emoções de forma assertiva. 
  • Escute: escutar a criança é essencial para saber o que ela tem de conhecimento sobre o assunto. Além disso, muitas crianças apresentam dificuldade em expressar o que sentem, por isso é importante ajudá-las a validar seus sentimentos. Encoraje-as a falar sobre como se sentem de diferentes formas, usando, por exemplo, o desenho ou a escrita. 
  • Utilize recursos lúdicos: filmes, desenhos e livros também são uma forma de iniciar a conversa. Animações como “Divertidamente”, bem como seus personagens, são ótimos recursos para explicar como as diferentes emoções afetam o comportamento.
  • Seja o exemplo: sinta-se à vontade para demonstrar suas emoções e explique que todos temos sentimentos. As crianças aprendem muito com o que observam no seu entorno. 

Com adolescentes

  • Além das recomendações acima, considere que os adolescentes já possuem maior capacidade de compreensão e assimilação das informações. 
  • Apresente o conceito de saúde mental e desmistifique a associação de transtornos mentais a apenas casos mais graves.
  • Mostre que todos temos saúde mental, assim como temos saúde física, e que é importante cuidarmos dela de forma preventiva. 
  • Explique que bons hábitos em relação a alimentação, sono e prática de atividades físicas são de grande valia.

A promoção da saúde mental das crianças e dos adolescentes é uma forma de cuidado com nossos futuros adultos. Também é uma maneira de zelar pela comunidade que vivemos hoje e que viveremos no amanhã”, conclui Juliana.

 

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