
Escola e família devem acolher a criança ou o adolescente, dar voz para que expressem suas angústias e ajudá-los na resolução de seus conflitos
Antes de provas importantes e vestibulares, é comum os estudantes se sentirem ansiosos. Taquicardia, transpiração excessiva, medo, insegurança e choro são alguns dos sintomas que costumam se manifestar. Eles também podem vir acompanhados de isolamento, baixa autoestima, compulsões, dificuldade de concentração e, algumas vezes, de depreciação do próprio corpo.
Ana Claudia Crivellaro, orientadora educacional dos anos iniciais do Ensino Fundamental do Colégio Rio Branco, diz que todos nós, em uma ocasião ou outra, passaremos por momentos de ansiedade. E, por isso, família e escola devem desempenhar um papel significativo no controle dessa questão.
“Uma das competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) se refere ao dever da escola de atuar com as habilidades socioemocionais, cuidando da saúde física e emocional dos alunos e lidando com as emoções e pressões do grupo, uma vez que as demandas escolares geram muita ansiedade”, aponta.
O papel da escola
Segundo a orientadora, o ambiente escolar deve oferecer momentos de formação para que, em cada faixa etária, o aluno seja acolhido e orientado a reconhecer-se como um indivíduo que tem suas limitações e sentimentos. A escola e a família devem caminhar juntas para ajudar a criança ou o adolescente na resolução de seus conflitos e no controle da ansiedade.
Nesse sentido, a instituição pode oferecer palestras para alunos e pais sobre como trabalhar com as instabilidades emocionais e proporcionar atividades esportivas e práticas de meditação e relaxamento. “E, sobretudo, dar voz aos alunos para que tragam suas inseguranças e tristezas”, completa.
Estratégias antes dos exames
Entre as demandas escolares, a prova é uma das que mais desencadeia ansiedade nos alunos. “Vale lembrar que as provas não devem ser vistas como um acerto de contas ou algo punitivo e, sim, como uma oportunidade de avaliar habilidades e competências que contribuirão para as escolhas futuras”, destaca Ana Claudia.
Para que esse período seja vivenciado com mais tranquilidade e confiança, a orientadora cita algumas dicas que podem ajudar:
- estudar diariamente e não somente na véspera do exame;
- encontrar maneiras de rever os conteúdos, como resumos, mapas mentais, exercícios extras e provas já realizadas;
- cuidar da saúde mental: praticar atividade física, ler livros que não os solicitados pela escola, ter bons hábitos alimentares e, sobretudo, ter qualidade de sono;
- organizar o melhor horário e o melhor lugar para estudar;
- esquecer celular e redes sociais; e
- acreditar na própria capacidade de fazer o seu melhor.
Como a família pode apoiar os jovens
Ana Claudia ressalta que nada disso terá muito valor se a família não estiver apoiando o filho ou a filha e dando o suporte necessário. Assim, ela sugere aos pais e responsáveis:
- realizar reuniões em família: conversas durante as refeições, sessões de cinema e recordações de ocasiões significativas vendo fotos e vídeos, sempre evitando o uso de celular;
- demonstrar afeto e carinho;
- elogiar e evidenciar todo e qualquer esforço da criança ou adolescente;
- reconhecer as fragilidades para uma acolhida afetiva e significativa;
- ouvir e respeitar suas questões para que juntos busquem soluções.
“Precisamos ressignificar a nossa vivência em sociedade, retomando valores essenciais para diminuir os impactos da ansiedade nas nossas vidas”, conclui a orientadora.
Leia também:
Geração ansiosa: como lidar com os perigos da hiperconectividade?
Comunicação familiar demanda interações diárias e escuta ativa
Como ensinar os filhos a lidar com a frustração?