Medo de ir para a escola: como ajudar seu filho nessa situação?

O medo de ir para a escola é um sentimento comum enfrentado pelas crianças, e sua superação demanda um esforço conjunto por parte da família e dos educadores

A fobia escolar é um quadro emocional que transforma o ambiente de ensino em uma fonte de sofrimento para as crianças. Essa condição, considerada uma variação da ansiedade, geralmente ocorre em alunos na faixa etária de 4 a 6 anos, período em que começam a frequentar a escola e podem ter dificuldades de adaptação.

O problema, muitas vezes, vai além de uma simples resistência à escola e envolve questões emocionais mais profundas. Pais e educadores precisam estar atentos aos sinais que indicam que algo não está bem. Entender as causas desse comportamento é o primeiro passo para oferecer o suporte necessário e garantir que a criança se sinta acolhida.

O que é fobia escolar?

De acordo com Rose Sertório, orientadora educacional do Colégio Rio Branco, a fobia escolar pode ser definida como o medo intenso de ir à escola. “Ela pode aparecer de uma forma inesperada, deixando a família preocupada, pois nem sempre a criança consegue expressar esse sentimento em palavras”, comenta.

Alguns sintomas que podem ser observados nas crianças que apresentam esse quadro, segundo a especialista, incluem:

  • queixas físicas: dor de barriga, dor de cabeça, cansaço e vômitos;
  • comportamentos para evitar a escola: esconder materiais ou recusar-se a se vestir;
  • reações emocionais: choro, nervosismo e irritação; 
  • sinais de ansiedade: insônia, medo e dificuldade para manter hábitos alimentares.

“Normalmente, a fobia escolar não é percebida de imediato”, acrescenta Rose. “Os sintomas surgem gradualmente e se tornam mais evidentes nos horários em que a criança precisa ir para a escola.

Motivos que causam a fobia escolar em crianças

É fundamental prestar atenção quando a criança diz que não quer ir para o colégio. A fobia escolar pode revelar situações pessoais ou familiares que estão afetando a saúde mental do aluno. A ansiedade de separação é citada pela especialista como uma das possíveis causas psicológicas da fobia escolar. “Ao iniciar a vida acadêmica, a criança percebe que ficará longe de casa e das pessoas a quem está apegada, sentindo-se sozinha e desprotegida na escola.”

O medo do novo e a incerteza sobre o que acontecerá podem gerar ansiedade. “Crianças com ansiedade de separação normalmente não dormem sozinhas, têm receio de dormir na casa de outras pessoas e até enfrentam dificuldades para se relacionar com quem não conhecem.”

Alguns eventos familiares também podem agravar um quadro de medo e ansiedade. Alguns exemplos de situações que podem gerar a fobia escolar são:

  • morte de um familiar;
  • nascimento de um novo membro da família;
  • separação dos pais;
  • conflitos no ambiente familiar;
  • alto nível de autocrítica;
  • problemas de relacionamento na escola;
  • dificuldades de aprendizagem;
  • educadores com posturas rígidas e exigentes; e
  • experiências negativas no ambiente escolar.

Outros motivos como alterações na rotina, mudança de escola ou de casa, novos professores e novos amigos também podem ser desafiadores e desestabilizadores para a criança. “No entanto, com o tempo, espera-se que ela consiga superar tudo isso e se sinta feliz e segura”, afirma a especialista.

O que pode ser feito?

A superação da fobia escolar demanda um esforço conjunto da escola e da família. “É importante que a criança seja ouvida, respeitada e apoiada tanto pela escola quanto pela família, mas sempre encorajada a superar esses desafios”, diz a orientadora educacional. 

Os pais, em casa, devem demonstrar empatia pelo sofrimento da criança, expressar carinho e compreensão e mostrar que estão ao lado dela. “Mas acolher os sentimentos não significa atender a todas as suas vontades”, alerta Rose. “É importante que eles se mantenham confiantes na condução do processo.”

A comunicação familiar é essencial nesses momentos, para que a criança possa encontrar no adulto a segurança de que precisa. "Mesmo que não consiga expressar exatamente o que sente, saberá que é ouvida e que as pessoas que a amam a apoiarão sempre”. A orientadora também sugere o estabelecimento de combinados, como um determinado tempo de permanência na escola ou a participação em certas aulas ou atividades escolares.

Deve haver uma parceria da família com os professores e a orientação educacional para acompanhar as necessidades do aluno. Se necessário, é importante buscar o auxílio de especialistas, como psicólogos, para terapia e acompanhamento. 

Cabe à escola envolver os pais e buscar soluções em conjunto, mantendo-os informados sobre o desenvolvimento da criança. É fundamental desenvolver estratégias específicas de acordo com as necessidades de cada caso e orientar a família sobre aspectos considerados importantes, colaborando assim para a superação do problema. O colégio deve promover um ambiente acolhedor, em que as relações sejam baseadas no afeto e no cuidado. “Isso possibilita a expressão de sentimentos e favorece a interação entre alunos, professores e demais funcionários”, finaliza Rose.

Veja também:

Comentar