
Parceria entre pais e escola é um dos caminhos para solucionar o problema
Diversos fatores podem afetar a aprendizagem e prejudicar o desempenho acadêmico de crianças e adolescentes. Entre eles, estão questões familiares. “Cada aluno faz parte de uma família, com seus costumes, hábitos, cultura e valores. E cada um dos membros exerce influência nos demais, ao mesmo tempo em que é afetado por todos. Essas influências mútuas fazem parte do cotidiano familiar e se estendem para a vida escolar”, explica Juliana Góis, orientadora educacional de apoio à aprendizagem do Colégio Rio Branco.
De acordo com ela, os fatores que interferem na queda do desempenho escolar compreendem desde as dificuldades nas relações interpessoais, a forma de lidar com conflitos e frustrações e até os hábitos que interferem diretamente na aprendizagem.
Assim, para compreender o contexto em que o “não aprender” se insere é preciso uma abordagem cautelosa e uma visão panorâmica da situação. “Devemos considerar os recursos disponíveis para o aluno aprender, o significado do aprendizado tanto para ele quanto para família, o papel que os pais atribuem a esse processo e se o ‘não aprender’ é uma resposta reativa ao meio no qual o aluno está inserido”, aponta a orientadora.
“Para esclarecer essas questões podemos questionar, por exemplo, se para determinada família é mais relevante o resultado ou o processo de adquirir conhecimento”, complementa.
Como identificar se o problema é familiar?
Primeiro, é importante que os pais e a escola estabeleçam uma parceria colaborativa e coordenada, sendo o envolvimento da família com a vida escolar dos filhos essencial para isso. “Com abordagens e ações complementares, eles podem oferecer um suporte sólido para fortalecer o aprendizado do aluno”, ressalta.
Além disso, é preciso diferenciar dificuldades no percurso escolar que são passageiras daquelas de caráter persistente. As primeiras podem ser decorrentes de muitos aspectos, como questões emocionais temporárias ou eventuais conflitos familiares. As segundas costumam estar associadas a diagnósticos específicos e necessitam de atendimento adequado.
A orientadora educacional salienta três pontos importantes para os pais:
- Escutem o que a escola tem a dizer, pois a criança passa bastante tempo no colégio e, em alguns casos, a maior parte do dia;
- Sejam sinceros com a escola e não omitam informações que possam influenciar na rotina escolar;
- Estejam presentes nas reuniões periódicas e nos eventos promovidos pela escola. Assim, além de conhecer o funcionamento do colégio, essa atitude demonstra que a despeito de qualquer situação que pode estar sendo vivida fora desse ambiente, o interesse por ele e a valorização da aprendizagem permanecem.
Juliana também destaca três aspectos relevantes para a escola considerar:
- Mantenha trocas com a família de forma frequente e regular. Em reuniões, a escola precisa descrever o que observa no dia a dia e escutar o que os pais têm a dizer. Nessas ocasiões deve-se evitar o uso de termos técnicos, mas, caso sejam essenciais, é necessário explicar aos pais de forma compreensível e objetiva;
- Proceda com ética e mantenha em sigilo as informações pessoais de cada família;
- Demonstre a mesma importância para comunicar pontos positivos e negativos sobre o aluno, principalmente quando questões familiares estão prejudicando a vida escolar do estudante. Tenha uma comunicação positiva e periódica mediante evoluções, seja por questões comportamentais ou desempenho acadêmico.
Após a identificação de uma questão familiar que influencia no desempenho escolar é preciso conversar com os pais para buscar estratégias que favoreçam o aprendizado da criança ou do adolescente e avaliar a necessidade de encaminhamento para um especialista. “Vale lembrar que quando partirmos da premissa de que o quanto antes se dão as mudanças melhor torna-se o prognóstico, mais uma vez fica clara a importância dessa parceria”, finaliza a orientadora.