Educação midiática: fato é diferente de opinião?

Saiba como o letramento digital possibilita que as crianças e adolescentes consumam e produzam conteúdos digitais de forma saudável

No século XXI, as crianças e adolescentes são expostos ao universo digital desde cedo. Mesmo pequenos, já consomem conteúdos, como desenhos animados, jogos, filmes e seriados infantis; comunicam-se com os amigos em redes sociais e videogames; fazem pesquisas na internet; e compartilham criações, como vídeos, fotos e comentários.

Muitas vezes, eles têm mais facilidade com as ferramentas do que os próprios pais – nisso, vale um alerta inicial: o tempo de tela dos filhos deve ser limitado, com parâmetros para cada idade. Considerando essa inserção precoce das crianças em um campo tão amplo como a internet, é essencial investir na educação midiática, que instruirá cada um a ter pensamento crítico e não acreditar em fake news (notícias falsas).

O que é a educação midiática?

Visando filtrar o grande fluxo de informações do meio virtual, a educação midiática instrui as pessoas a separar relatos objetivos/fatos de opiniões. É importante lembrar, principalmente para as crianças e adolescentes que acompanham muitos influenciadores, que cada fala tem uma intenção e perspectiva.

“Em diversos meios de comunicação, como as redes sociais (de onde parte a maioria das informações acessadas pelo público infantojuvenil atualmente), há mensagens geradas por alguns criadores de conteúdo que, mesmo não sendo especialistas em determinados assuntos, emitem opiniões e são tidos como referências por sua alta popularidade. Tais mensagens podem confundir as mentes ainda em desenvolvimento, gerando sentimentos excessivos neste público”, diz Jorge Alves de Farias, professor de Letramento Digital do Colégio Rio Branco.

 Dentre as habilidades desenvolvidas com a educação midiática, o professor destaca:

  • pesquisar os fatos em fontes com autoridade jornalística ou especialista;
  • conhecer os diferentes pontos de vista, se houver;
  • investigar, com pensamento crítico, a qualidade das informações;
  • identificar a intencionalidade de quem apresentou o fato e refletir as consequências das opiniões expostas publicamente.

Na prática, a habilidade de investigar e analisar uma mensagem criticamente demanda algumas perguntas: quem escreveu/falou aquilo é um especialista ou só alguém comentando? Qual era a intenção da mensagem? Onde foi veiculado o conteúdo (stories ou jornal impresso, por exemplo)?

O papel do letramento digital

O letramento digital consiste na apropriação das tecnologias digitais de comunicação e informação (TDIC) possibilitando a compreensão, interpretação e criação de conteúdos virtuais. A importância dessa iniciativa é nítida ao observar crianças e adolescentes que realizam essas ações de maneira saudável e responsável.

“O letramento digital capacita o público com o domínio de ferramentas (aprender a utilizar mouse e teclado, desenhar em editores de imagens, formatar tabelas em planilhas, montar apresentações de slides, editar vídeos etc.) e o desenvolvimento de habilidades (pesquisar palavras-chave, checar notícias, programar códigos, refletir sobre direitos autorais, compreender o impacto da tecnologia digital etc.) que os tornarão aptos a assumir papéis ativos no mundo digital”, explica Jorge Farias.

Como o Colégio Rio Branco trabalha a educação midiática?

No Colégio Rio Branco, as crianças são estimuladas desde o Ensino Infantil a se interessar pela leitura e a ter proatividade midiática, analisando os conteúdos que consomem e produzindo histórias baseadas em imagens. Dos anos iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, temas ligados à cultura contemporânea infantojuvenil são abordados pelos componentes curriculares, com projetos que dialogam com a realidade.

“Especificamente no componente Letramento Digital, os temas ‘segurança na Internet’, ‘trilhas digitais em jogos online’, ‘cyberbullying’ e ‘fake news’ são discutidos e trabalhados no contexto tecnológico, sempre atualizado e em forma de desafios. Para resolvê-los, os alunos aperfeiçoam-se no uso de computadores e tablets e produzem atividades por meio das ferramentas virtuais necessárias atualmente: editor de desenhos, editor de textos, criador de apresentações, planilhas eletrônicas, editor de imagens e vídeos, criadores de podcasts e linguagens de programação”, diz o professor.

A partir dessa reflexão e capacitação, os estudantes são incentivados a migrar do consumismo virtual passivo para uma participação ativa, autoral e qualitativa, exercendo a sua cidadania e protagonismo.

Como ajudar no combate às fake news?

O primeiro passo para combater as fake news é a prevenção, entendendo o que elas são. Depois, é fundamental assumir que todos estão sujeitos a entrar em contato com elas nas redes, sendo necessário assumir uma postura de vigília constante.

Jorge Farias finaliza dando algumas dicas práticas:

  • Se desconfiar de uma notícia que viu ou de uma mensagem que recebeu, principalmente de redes sociais, não compartilhe;
  • Verificar a origem, autoria, se menciona datas específicas, se há erros ortográficos e se há apelos sentimentais, ataques contra alguém ou com viés polarizado no final do conteúdo;
  • Havendo dúvidas, chamar um adulto responsável que auxilie na análise do conteúdo;
  • Atualmente, há sites especializados em verificar conteúdos e delatar fake news que também podem ajudar;
  • Em caso de confirmação de fake news, denunciar nos sites de verificação de conteúdo, nas redes sociais e nos grupos de mensagens instantâneas, como o Whatsapp, para que mais pessoas sejam alertadas;
  • Caso seja de teor grave e prejudicial à sociedade, pedir ajuda a um adulto responsável para denunciar às autoridades competentes.

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