Pais e vestibular: como ajudar os filhos a lidar com essa fase?

Maria Eugênia Rossetti, orientadora educacional do Colégio Rio Branco, destaca a importância de os pais conhecerem os jovens e seus interesses.

O ano de prestar vestibulares é, de fato, um momento que causa nervosismo para a maioria dos estudantes. Essa ansiedade pode girar em torno do curso a ser escolhido, dos estudos, da conquista da aprovação e, até, do medo de fechar um ciclo e iniciar um novo. Nesse momento, a família precisa demonstrar suporte ao jovem, amenizando as situações de estresse.

“A participação efetiva dos pais promove, ao longo da vida, segurança, autoestima, independência e estabilidade. Nada mais natural do que esse jovem, quando olha para o próprio futuro, estabelecer uma série de expectativas com base na família”, relata Maria Eugênia Rossetti, orientadora educacional do Colégio Rio Branco.

Logo, os pais precisam, em primeira instância, se afastar da imagem de “super-heróis” dos filhos e estar disponíveis para diálogos sinceros. Como muitos responsáveis ficam sem saber exatamente como ajudar os vestibulandos a lidar com o nervosismo, reunimos algumas dicas. Confira:

Conhecer o jovem e o seu cotidiano

“A primeira ação é estar sempre próximo à rotina dos nossos filhos, acompanhar a vida deles, os seus interesses, as suas facilidades e, claro, as suas dificuldades”, comenta Maria Eugênia Rossetti. “É importante que esses jovens tenham a percepção de que eles são muito mais do que o resultado de avaliações escolares, mas sim pessoas com qualidades, com interesses por diversos assuntos, e que os pais os conhecem.”

Dessa forma, ao se sentirem valorizados como indivíduos, os estudantes sentem menos pressão pelo resultado acadêmico. O estudo, por sua vez, deve ser valorizado ao longo de toda a vida, sem a pressão específica para os vestibulandos.

Criar uma rotina é a melhor forma de valorizar os estudos

No dia a dia, muitos pais, sem querer, passam a mensagem errada em relação aos estudos. É comum que apareçam frases como "termine logo de estudar para podermos passear”. O problema é que, desse modo, o estudo fica sendo visto como uma tarefa menos atrativa, coadjuvante de outros programas.

Ao estabelecer uma rotina, cada atividade tem o seu tempo, e a lição de casa não precisa competir com uma festa, por exemplo. A fala muda para “faça com calma porque tem tempo para tudo”.

O que os pais podem fazer para ajudar nas semanas que antecedem o vestibular?

Quando o vestibular desejado pelo estudante está se aproximando, é natural que o nervosismo aumente. Por isso, para evitar desespero nessa reta final, os familiares devem buscar um ambiente harmônico para o jovem.

Acolher e educar

“Nessas últimas semanas, dois binômios muito importantes precisam ser cultivados. O primeiro binômio seria acolher e educar”, explica Maria Eugênia. Ao longo de toda a escolaridade, o indivíduo precisa ser acolhido: se precisa de reforço ou apoio, por exemplo, deve recebê-los. Ao mesmo tempo em que é educado pelos pais e escola, incluindo avaliações que medem resultados.

“O resultado em uma prova é fruto de uma história de aprendizagens. Então vamos acolher esse jovem que estudou e se preparou para o que vem pela frente”, aponta a orientadora. “Se um jovem não se preparou, e agora ele acordou, também vamos acolhê-lo. Acolhemos o desejo e educamos dizendo que nesse momento ele não vai conseguir, mas apresentamos, inclusive, como ele pode se preparar daqui para frente.”

Compreender e respeitar

Introduzindo o segundo binômio, os pais também precisam compreender que é natural o estudante se sentir pressionado na reta final e devem respeitar as escolhas do vestibulando. Alguns vão optar por intensificar os estudos e se afastar de outros compromissos, enquanto outros vão desacelerar, buscando distrações. Não importa qual seja a decisão, a família deve entendê-la e respeitá-la.

- Ressaltar as habilidades do filho

Na época dos vestibulares, os pais devem estar próximos dos filhos, orientando e incentivando sempre que preciso. Para ajudar na autoestima, vale destacar as habilidades positivas do estudante, construídas ao longo da vida.

“Verbalize para o seu filho que você confia nele, diga com todas as letras que ele é competente, capaz, e que independente do resultado, você vai estar ao lado dele”, completa Maria Eugênia.

- Conversar para definir objetivos

Nem sempre o vestibulando conseguirá dar conta de todas as vontades e compromissos, então os pais devem ter uma boa conversa para ajudá-lo a definir os seus objetivos. Quando o jovem está focado e amparado, a ansiedade diminui. Logo, essa última dica é manter o espaço para diálogo sempre aberto - base que deve ser constituída ao longo da vida inteira.

O que os pais não devem fazer nas semanas que antecedem o vestibular?

Não ameace o seu filho

Embora a palavra “ameaçar” gere certo espanto, muitos pais impõem condições aos filhos, como “se não passar na faculdade, não vai poder viajar”. Esse tipo de fala apenas aumenta a ansiedade.

Não crie novas rotinas

“Nesse último mês, é hora de consolidar as rotinas que já foram estabelecidas”, aponta Maria Eugênia. Vale, portanto, cuidar do sono, da alimentação e manter os processos seguidos até então, sem trazer grandes novidades.

Não questione as escolhas do vestibulando

Por mais que os pais sejam uma excelente fonte para conselhos, na reta final é importante respeitar o que o estudante decidiu. Neste momento, não traga novas possibilidades, questione as escolhas do jovem ou julgue o seu comportamento.

Não coloque mais pressão

O vestibular, por si só, já é um cenário de pressão, assim como pode ser a escola e o clima entre os colegas. “Seja a pessoa que ajuda o seu filho a encontrar saídas, e não quem traz uma nova pressão”, indica a profissional.

Seguindo essas recomendações, um bom resultado no vestibular virá naturalmente, sendo fruto de um processo sólido de aprendizagem e do apoio ideal da família.

 

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