Coletivo Humana Mente: professores e estudantes exploram a empatia por meio das artes



Projeto mostra a importância da colaboração, da sensibilidade, da autenticidade e da acessibilidade em cada ação

Empatia pode ser definida como a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa. Mas quanto maior a diferença em relação ao outro, seja por ideias opostas, culturas e características diversas ou línguas diferentes, maior o desafio. Por isso, é importante que essa habilidade seja estimulada desde o período escolar.

“A criação de uma juventude empática mostra-se essencial. Com a pandemia, ficou muito claro como o individualismo está associado aos nossos grandes problemas e como precisamos reconhecer que não estamos sozinhos aqui. É preciso reconhecer que o outro existe, que ele é importante e tem direitos”, afirma Caio Mendes, professor de História e coordenador de Projetos do Colégio Rio Branco. Ele explica que a empatia pode parecer ser algo simples, muitas vezes, mas que existem momentos em que não é possível dimensionar o lugar do outro. 

Para incentivar e facilitar o desenvolvimento da empatia, explorando as potencialidades dos jovens nesse sentido, o colégio criou o Humana Mente, uma proposta interdisciplinar realizada, anualmente, por estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio, professores de diferentes áreas do conhecimento e TILS (Tradutores e Intérpretes de Língua de Sinais), do Colégio Rio Branco e do Centro de Educação Para Surdos Rio Branco. 

Semanalmente, eles se reúnem para discutir temas relacionados às humanidades, trocando referências artísticas, literárias e musicais, além de filmes, séries e fotografias. Depois, decidem como levar essa discussão para além do coletivo em si e da comunidade escolar por meio da arte. 

O professor Caio explica que o projeto se estrutura em quatro pilares: 
- Colaboração: tudo é decidido de maneira democrática entre os participantes do coletivo.
- Autenticidade: a ideia é que os estudantes consigam articular de maneira criativa aqueles assuntos que aprendem em sala de aula. 
- Sensibilidade: a arte serve como um canal para tocar o espectador com aquele assunto. 
- Acessibilidade: o foco é pensar na acessibilidade desde a concepção do projeto (não apenas criar um produto para depois torná-lo acessível).

“Por conta da presença de alunos surdos na nossa comunidade, o nosso foco maior é olhar para a surdez e para a valorização da Língua Brasileira de Sinais, Libras”, afirma o professor.

Confira os temas já trabalhados em cada ano:
2013: guerra
2014: ditadura
2015: refugiados
2016: intolerância
2017: futuro
2018: liberdade
2019: igualdade
2020: lugar
2021: cuidado
2022: urgência e emergência

O papel da escola

Um dos pontos que Caio destaca é o exercício interno que o projeto possibilita de tirar cada um do lugar tradicional de professor e aluno. “Quando os jovens se veem podendo dialogar, discutir e aprender como os professores nessa relação mais horizontal, eles entendem que os educadores também têm dúvidas, questionamentos e vulnerabilidades. Não é só o professor que pode dar a ideia; ele pode discordar do que o adulto está falando. Assim, a gente vai criando esse espaço de construção coletiva, de criar junto”, diz o coordenador. 

Além disso, na escola, é possível errar, rever pensamentos, mudar de opinião, tudo isso dentro de um espaço de reflexão, de aprendizagem e de respeito. Os educadores ocupam esse lugar de trazer a dinâmica do mundo real de maneira mais adequada para infância e para a juventude. 

“O mundo é angustiante e tem muitos conflitos, mas não é porque tudo isso existe que a escola precisa ser um ambiente que reproduz a competição, a violência e a agressão. A escola pode ser um ambiente em que a gente não haja assim e reflita sobre essa forma de agir no mundo”, afirma. 

É fundamental pensar, a cada dia, como fazer da escola um ambiente seguro para todos, não só em termos de integridade física, mas seguro do ponto de vista mental, das suas capacidades intelectuais, de ação e para que as pessoas possam ser elas mesmas. Assim, é possível construir um colégio que acolha e valorize a diversidade em todas as suas formas.

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