Distantes, porém, conectados por uma Educação de qualidade

Foto: Ilustração (iStock)

Em tempos de pandemia, o ensino presencial nas escolas pode ficar de quarentena, mas com o aprendizado se faz necessário um acompanhamento ainda mais atento e “presente", à medida que o distanciamento nos permite avaliar a qualidade não só do próprio ensino instrumentalizado pela internet, mas mesmo do bom e velho ensino presencial.

Refletir sobre a qualidade do ensino é uma exigência intrínseca à prática de ensino do Professor de Filosofia, o qual está, de modo permanente, à procura do verdadeiro e do essencial de tudo aquilo que envolve o humano e suas relações. Entretanto, essa é uma exigência que termina por provocar – e deveria, mesmo – todos aqueles os quais se lançam ao desafio do ensino escolar (ou mesmo fora da escola).

Quando, por exemplo, se discute sobre os benefícios das metodologias ativas (active learning methods), são elencadas interações que suspendem as tradicionais metodologias que submete o aluno a uma maior passividade, frente à possibilidade de um trabalho mais ativo para os fins da sua aprendizagem.

Nesse sentido, ao invés de as metodologias ativas engessarem a criatividade, elas a promove e reforça a reflexão sobre a qualidade do ensino, dotando o professor de conhecimentos e técnicas capazes de transformar o aprendizado num processo contínuo, ativo e inovador.

Este exemplo foi dado para fundamentar uma provocação necessária aos professores que, nesse momento, estão impelidos pela responsabilidade de instruir os seus alunos.

Dando continuidade ao entendimento sobre os benefícios das metodologias ativas para o processo de ensino-aprendizagem, sobretudo no contexto do ensino desenvolvido nos ambientes virtuais de aprendizagem, salienta-se o seguinte:

1) A partir do aparato fornecido pelas metodologias ativas, o processo de aprendizagem se faz contínuo à medida que o conhecimento é adquirido durante todo período em que aluno entra em sala de aula (em seu formato físico ou virtual);
2) Este processo é ativo, no momento que o aluno é impelido a comparticipar com o professor e mesmo seus colegas da aquisição do conhecimento;
3) Por fim, o processo de ensino-aprendizagem apresenta-se inovador por justamente propiciar a interação de diferentes atores em torno da lapidação do conhecimento a ser mediado e da criatividade resultante desse aprendizado.

Existem as mais diferentes e variadas plataformas virtuais de aprendizagem (ou Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA) disponíveis neste delicado momento de pandemia, o qual não permite outra interação que não seja a virtual. Entre elas, estão exemplos como a plataforma do Google for Education, Moodle, Edmodo, mas também as salas virtuais de reuniões e conferências como o Google Meet, Microsoft Teams e o Zoom.

Desse modo, se de um lado a pandemia nos distancia das interações físicas do ambiente escolar, de outro, o enriquecimento educacional promovido pelas metodologias ativas permite desenvolver inclusive outras formas de interação com o conhecimento.

Por outro lado, a aproximação com os AVA pode se apresentar como um obstáculo se não se entende os propósitos do que se quer promover como conhecimento e as maneiras sobre como fazê-lo.

Portanto, a reflexão em torno da qualidade do ensino em tempos de pandemia serve de parâmetro para compor as estratégias necessárias para que tais propósitos educacionais sejam alcançados de modo eficaz.

Onde quer que esteja situada a interação pedagógica, cabe aos educadores e a todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem uma reflexão que também seja genuinamente contínua, ativa e inovadora.

 


Isaque Trevisam Braga, professor de Filosofia.

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