A formação de valores e a construção da autonomia moral de nossos filhos e alunos

Em nosso Encontro com a Direção do mês de outubro, realizado nos dias 28 e 29, nas unidades Granja Vianna e Higienópolis, discutimos o tema “A formação de valores e a construção da autonomia moral de nossos filhos e alunos”.

Nossa conversa foi inspirada no vídeo Formação de Valores e no artigo “A construção da autonomia: uma conquista para toda a vida”, de Telma Vinha, pedagoga, doutora em Educação e professora da Faculdade de Educação da Unicamp.

As pessoas enfrentam, a todo o tempo, dilemas morais e éticos e tomam atitudes diferentes diante das mesmas situações. Por que isso ocorre?

Para a educadora, é preciso ter conhecimento sobre as regras, o que deve e o que não deve ser feito diante das situações. Muitas vezes esse conhecimento não gera a ação. O que faz com que uma regra seja efetiva é a afetividade nela envolvida. O afeto faz com que as pessoas tenham valores.

A construção da autonomia moral se dá na interação, pois o ser humano é social. Jean Piaget, estudioso da psicologia infantil, diz que a criança nasce em estado de anomia, que é a ausência total de regras. Na idade até os 3 anos, a criança é voltada para suas necessidades básicas individuais. Dos 3 aos 8 anos de idade, a criança vive em estado de heteronomia, ou seja as regras e sanções veem de fora para dentro. Na autonomia, as regras e os valores estão incorporados ao indivíduo, não sendo, em situação ideal, necessárias sanções. A autonomia é adquirida quando as normas foram compreendidas e absorvidas. Existem diferentes níveis de hetoronomia e autonomia, inclusive no mundo adulto.

Coerência nas ações do dia a dia

Para dar significado às regras e princípios, fazendo com que se tornem valores, nós adultos precisamos criar mecanismos para que crianças ganhem, aos poucos, consciência de seus atos. Vale lembrar que quanto mais a pessoa entende que faz parte de um conjunto, de uma comunidade, de uma sociedade, mais se expressa a autonomia.

Essa trajetória não se estabelece apenas com o discurso. Não apenas falamos de ética e respeito, mas devemos viver situações que sirvam como exemplo para nossas crianças e jovens.

Educar é um exercício sem receita, vivido no dia a dia em família e na escola. Muito mais do que ser uma pessoa educada, é preciso formar pessoas que reconheçam a importância do outro.

Dar autonomia aos nossos filhos é permitir que eles assumam as consequências de seus atos. Ter autonomia é saber escolher e ter responsabilidade.

Coerência e constância nas ações e nas palavras. Essa é a grande resposta aos pais que querem dar bons exemplos aos filhos na construção da autonomia moral.

Como a escola trabalha a construção da autonomia

No Colégio Rio Branco, estimulamos em nossos alunos a ideia de projeto de vida. Nosso objetivo é fazer com que as crianças e jovens atuem para desenvolver projetos, criando metas de curto prazo, tendo em vista que pequenas metas se transformam em grandes realizações.

Entendemos que os alunos podem exercitar suas escolhas no espaço das atividades extracurriculares e dos módulos eletivos, que exploram o protagonismo, a criatividade, a inovação e as habilidades artísticas e corporais.

A afetividade é colocada em todas as ações do cotidiano, estimulando a reflexão e a compreensão das atitudes, dos sentimentos e das relações com o grupo.

Escolhas e consequências são vividas o tempo todo como elementos formadores de nossas crianças e jovens. Procuramos ensiná-los a fazer escolhas certas e a assumir as consequências de seus atos. Sanções eventualmente impostas vêm no sentido de fazê-los perceber, num universo coletivo, o quanto os atos individuais impactam no coletivo. É um grande aprendizado entre todos.

Como instituição ligada ao PEA - Programa de Escola Associadas da Unesco, o Colégio Rio Branco segue uma agenda que tem por princípio que a guerra está, principalmente, na cabeça das pessoas e, por meio da Educação, é que se pode desenvolver uma cultura de paz. Ações cotidianas, projetos e reflexões no ambiente escolar vão, gradualmente, contribuindo para a construção da autonomia moral e para a consolidação de valores sintonizados com a vida humana, com a preservação do meio ambiente e com a solidariedade.

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