18/06/2015
Colégio Rio Branco recebe sobrevivente do Holocausto
Aos 87 anos, André Stern falou sobrea trajetória de terror que viveu durante o Holocausto para os alunos do Colégio Rio Branco. Em uma conversa emocionante, que ocorreu no dia 12 de junho na Unidade Granja Vianna e no dia 18 de junho na Unidade Higienópolis. Pais, alunos e professores tiveram a oportunidade de compreender a visão do palestrante sobre o mundo passado e o contemporâneo e, também, o valor da liberdade e da vida.
Como descrever o horror de uma guerra? Por mais detalhada que uma narrativa seja, é impossível igualar a experiência vivida. E qual seria a finalidade de relembrar e disseminar esse tipo de experiência? Para André Stern, a resposta não é a morte, mas a vida.
André contou que estava em Budapeste desde 1936, mas apesar do antissemitismo crescente, a Hungria era aliada da Alemanha e, mesmo após a invasão da Polônia em 1939 - evento que desencadearia a II Guerra Mundial - a família não acreditava que poderia ser perseguida.
Com a expansão alemã, no entanto, foi preso pelos nazistas em 1942. Entre 14 e 15 anos, como a maioria dos jovens saudáveis, André foi separado da família e levado para trabalhar numa das fábricas que produziam os recursos necessários para alimentar a guerra. “Quando os alemães ocuparam a Hungria, começaram a empacotar gente em vagões de trem e mandar para Auschwitz.”
André Stern relembrando seus dias na II Guerra Mundial
Durante o confinamento, o brasileiro disputou comida com os ratos e apanhou muito dos soldados da SS. André foi libertado em 1945 por soldados dos Estados Unidos. "Não estava em estado de me sentir inteiro, estava em dúvidas se estava vivo ou no céu, foi quando os americanos me libertaram em 1º de maio de 1945, me deram um banho, jogaram meus trapos no fogo e botaram um pijama da Cruz Vermelha, aí falei: 'estou no céu'. E ainda por cima me deixaram comer um mingau. Muita gente morreu quando começou a comer tudo que caiu nas mãos. Tinha 28 kg e faltavam 40 dias para eu fazer 17 anos", relembra o sobrevivente.
Casado há 60 anos, pai de cinco filhos e já avô e bisavô, André não sente raiva do tempo em que foi prisioneiro por ser judeu. "Fui separado da minha família e nunca mais os vi. Quando dou palestras, falo muito mais da vida do que dos meus sofrimentos.”
A ação foi coordenada pelos professores de História, Sandra Morato da Unidade Granja Vianna e Laís Olivato da Unidade Higienópolis.