Sexualidade: conceitos e reflexões - Finalizando nossos debates

by blogAdmin 2. setembro 2013 17:18

Em importantes oportunidades discutimos, juntos, escola e família, o tema “Sexualidade”, nos dias 28 de agosto na Unidade Granja Vianna e 29 de agosto na Unidade Higienópolis. Nesses momentos conseguimos concluir esse ciclo de debates, iniciado em abril, e enriquecido muito com a excelente palestra da Prof.ª Dr.ª Carmita Abdo, especialista em Sexualidade.

Encerramos este tema comemorando um ano dos “Encontros com a Direção”, este espaço tão importante para a construção conjunta de ideias, de troca de experiências e compartilhamento de vivências. Sabemos que ainda temos ainda muito a evoluir nesta experiência, mas a escola tem crescido muito e os pais também têm sentido essa experiência especial. Este é um momento em que pensamos, de verdade, sobre diversos assuntos que, muitas vezes, nos angustiam no dia a dia.

Assim, vamos retomar o que foi abordado nas palestras da Carmita Abdo:

            Tivemos a grande oportunidade de conversar sobre sexualidade com uma das mais importantes especialistas na área do Brasil. Foi um bate papo que surpreendeu a todos pela forma de tratar o assunto. Pudemos abrir nossas cabeças e corações para este tema que, muitas vezes, pode parecer bastante complicado de ser tratado, mas que deve ser encarado com transparência, verdade e, claro, delicadeza.

Para falar sobre o tema, primeiramente, a palestrante destacou que qualquer pessoa está atrelada a atividade sexual, pois sexo é algo muito importante, sendo o polo principal de estruturação e formação da identidade das pessoas e fazendo parte de todas as culturas.

            Para Carmita Abdo, a grande questão em tratar o assunto com nossos filhos é: responda sempre, mas responda somente o que foi perguntado. 

As pessoas apresentam diversas motivações para tornarem-se sexualmente ativas: relacionamento (intimidade e cumplicidade), identidade (sentir-se homem ou mulher), prazer (sentir-se desejável) e reprodução (desejo de engravidar). Além disso, ao lado do trabalho, da vida familiar e do lazer, a atividade sexual faz parte da qualidade de vida, segundo a Organização Mundial da Saúde. Com isso, é importante lembrar: Sexo com satisfação é algo construído ao longo da vida, a partir de uma vivência positiva!

            Entramos em contato com diversos dados e informações, que podem nos oferecer um panorama de como muitos jovens iniciam suas vidas sexuais:

  • A média de início da vida sexual ocorre em torno dos 15 anos de idade.
  • A vida com múltiplos parceiros é uma realidade.
  • Gravidez é primeira causa de internações (66%) em moças entre 10 e 19 anos na rede SUS.
  • Partos: ¼ do total no SUS são de adolescentes (10 a 19 anos).
  • O uso de preservativo é muito baixo e a vida sexual é muito livre. Muitas meninas não usam, pois suas amigas também não, e elas ficam receosas de os garotos preferirem fazer sexo com outras pessoas. Já os meninos se cuidam mais, mas quando percebem que a garota não tem sexo diversificado ele não se protege.
  • Algo que essa geração mostrou é que se faz sexo sem compromisso, pois inverteram a ordem das coisas e primeiro há o sexo e depois o relacionamento.
  • Redes Sociais: hoje tornaram a vida íntima das pessoas cada vez mais pública. O sexo é um meio de mostrar que você é moderno, descolado e livre para fazer o que bem entende. A privacidade está exposta de uma forma brutal.
  • Homossexualidade: viver uma fase de experimentação não quer dizer que é homossexualidade. Ninguém opta por ser homossexual ou heterossexual e nem deixa de ser, mas hoje se permite uma liberdade sexual que as gerações anteriores não se permitiam. Existe um lado positivo, pois isso é mais natural e pode evitar o preconceito, que gera perversões.
  • Se os jovens serão mais ou menos felizes em relação ao sexo depende de como os pais lidam com o assunto.

Vale lembrar que sexo saudável, primordialmente, é aquele que não prejudica você, nem o parceiro e nem a terceiros. Assim, não podemos normatizar o sexo de ninguém, mas é claro que existem regras para quem começa uma vida sexual e que, seguindo a tendência atual, fará sexo com múltiplos parceiros. Nossas avós começaram suas vidas sexuais com 15, que é a mesma idade de hoje. A diferença é que elas iniciaram já casadas e, hoje, as meninas começam aos 15 e vão se casar aos 30. Terão 15 anos de vida sexual múltipla. Isso é bom ou ruim? Depende de como serão esses parceiros, se eles vão se proteger e se eles terão maturidade para fazer aquilo a que se propõem. 

Por isso, educação sexual também é ensinar os jovens a saber se estarão prontos para fazer o que estão se propondo a fazer. Hoje, compromisso e sexo não têm, necessariamente, uma relação. É com isso que temos que lidar? Vamos ser a favor ou contra? Podemos ficar nos perguntando isso ou podemos ensinar nossas crianças e jovens a lidarem com essa situação!!!

Conversas entre pais e filhos sobre o tema podem fazer a diferença na vida e no futuro das crianças e jovens. Se queremos que os filhos façam sexo responsável e adiem a iniciação, precisamos oferecer educação sexual, conversando sobre essas questões. O mundo que se apresenta, sexualmente falando, é esse e é onde os jovens vivem, por isso, precisamos educar, orientar e dar conhecimento para que crianças e jovens tenham discernimento para se preparar quando as coisas acontecerem em suas vidas.

Após a palestra da Prof.ª Dr.ª Carmita Abdo, pudemos, juntos, refletir sobre todas os conteúdos, nossas atitudes e posturas na família e na escola.

Quais valores devemos passar e quais valores passamos de fato? Essa é uma importante reflexão para encontrarmos as repostas que queremos ao trabalhar o tema da sexualidade. Percebemos que a melhor forma é sabermos os valores e limites que temos em nossas casas, em nossas famílias e na escola e, mantermos sempre um canal direto para o diálogo.

Sobre o diálogo, nós, adultos, precisamos saber que os filhos não precisam contar tudo. Nós mesmos não contávamos tudo para os nossos pais. O ponto certo é estarmos abertos e preparados para perceber necessidades de informação, momentos de interferir e de responder às perguntas. Nosso papel é ser o contraponto para tudo que as nossas crianças e jovens têm acesso e que, muitas vezes, não é saudável, dando informações consistentes e de qualidade, ou seja, fazermos o contra discurso.

Neste mesmo sentido, precisamos mostrar aos nossos filhos que devemos ser responsáveis por nossos atos e essa responsabilidade está ligada às consequências. Precisamos avaliar se privamos demasiadamente nossas crianças e filhos das consequências de seus atos. Não é punir, é oferecer uma visão real de que atos implicam em consequências.

Neste encontro levantamos diversas ações e possibilidades que podem ajudar escola e família a trabalharem esse tema:

  • Reforçar, ainda mais, o tema como matéria em sala de aula, além de palestras e atividade que já são promovidas. Os temas drogas, internet e sexualidade já são trabalhados, mas vamos criar um programa contínuo e mais consistente.
  • A escola deve reforçar mais frequentemente as regras internas, como a da proibição do beijo em ambiente escolar.
  • Trabalhar com os alunos questões das redes sociais, da privacidade e da ideia de público e de privado.
  • Unir o papel da escola, da família e dos profissionais da saúde na abordagem do tema Sexualidade. Um profissional da saúde é o canal de informação consistente para nossos filhos.
  • Pesquisa: realizar no Colégio Rio Branco um levantamento sobre o conhecimento dos alunos sobre o tema sexualidade, o que possibilitaria verificar mais assertivamente as ações que devem ser feitas.

 


Saiba mais

Se quiser saber mais sobre o trabalho da Prof.ª Dr.ª Carmita Abdo, acesse o site do ProSex, Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. A especialista coordenou o “Estudo da Vida Sexual do Brasileiro”, considerado o maior do gênero já realizado no Brasil, e escreveu o livro “O descobrimento sexual do Brasil”, pela Summos Editorial. Vale a pena conferir o Portal da Sexualidade, que, a partir de um cadastro, oferece artigos sobre o tema segmentado para os mais diversos públicos; e o Museu do Sexo, que conta a história da sexualidade na humanidade.

Comentar




biuquote
Loading