Família, escola e WhatsApp

by Colégio Rio Branco 31. maio 2016 10:31

Em nosso Encontro com a Direção de maio, conversamos novamente sobre o desafio de educar na era digital. Mas, agora, sob outra perspectiva, mais específica: o WhatsApp.

O uso de tecnologias tem permitido rapidez e eficiência na comunicação com a utilização de várias mídias entre pares ou grupos. Aplicativos como o WhatsApp passam a fazer parte do dia a dia das pessoas, gerando novas possibilidades e, também, diversos desafios.

No âmbito escolar, tem sido prática, por parte de alguns pais de alunos de uma mesma série, o uso de WhatsApp como forma de interação que, embora agilize alguns aspectos da rotina escolar ou social das crianças, traz novas dinâmicas que nem sempre são construtivas, seja para os filhos, seja para a maioria dos pais envolvidos ou até mesmo para a escola.

Como toda oportunidade de interação entre pessoas, esse recurso deve proporcionar um ambiente respeitoso, gratificante e proveitoso, na direção da melhor formação de nossas crianças e jovens.

Para refletirmos sobre esse tema, assistimos ao vídeo da advogada e especialista em Direito Digital, Patrícia Peck Pinheiro, sobre pais e mães em grupos no WhatsApp. É preciso ter alguns cuidados ao trocar mensagens sobre o dia a dia escolar dos filhos:

  • Tudo que é escrito no WhatsApp está documentado, podendo ser considerado uma prova jurídica;
  • O que está no WhatsApp é público;
  • Não se deve expor, jamais, um menor.

A especialista nos leva a refletir sobre nossas próprias posturas. Quando tratamos algo a respeito de nosso filho com a escola, não fazemos isso em público. Isso se aplica a todas as crianças. E isso deve ser estendido ao mundo digital, sempre. Grupos de pais e mães no WhatsApp podem ser muito úteis, mas não devemos esquecer que existem os canais oficiais da escola para tratar determinados assuntos.

Embora os grupos de WhatsApp surjam com um objetivo específico, na maioria das vezes, acabam se transformando num espaço de múltiplos interesses, perdendo sua proposta original.

A escola e seus profissionais não fazem parte de grupos de pais no WhatsApp. Em algumas oportunidades alguns conteúdos chegam até nós por meio de pais que ficam incomodados ou angustiados com o teor e a forma como certos assuntos estão sendo tratados. Assuntos que se fossem tratados de outra forma, talvez tivessem melhores resultados.

Assim, precisamos ter sempre em mente qual o objetivo do grupo, por que fazemos parte e qual o nosso papel. É importante nos posicionar sempre quando não concordarmos com algum conteúdo, como exposição de crianças e até comentários que podem não ser verdadeiros. Na vida, no dia a dia, cobramos de nossas crianças e jovens o posicionamento e, nesse mesmo sentido, devemos adotar essa postura.

No mundo digital tudo ficou mais rápido, sem dúvida, e até mesmo mais fácil em alguns aspectos. Mas será que estamos deixando de lado o contato direto, por meio de uma ligação ou um encontro?

Temos pressa para resolver as questões, queremos tudo rápido, e abrimos mão do contato humano. Hoje, as crianças já sofrem esse efeito e têm muita dificuldade de avaliar ambientes e entender os sentimentos pessoais e das outras pessoas.

Não há tecnologia que substitua o lugar dos pais e da escola! Nós somos os responsáveis por levar aos nossos filhos os valores e a ética.

Na prática

Vale destacar alguns exemplos práticos de como assuntos devem ser tratados no mundo digital, incluindo o WhatsApp:

  • Compartilhamento de assuntos pessoais referentes ao próprio filho: manter a privacidade dos assuntos, dos alunos e seus familiares continua sendo o melhor caminho para tratar dos desafios que surgem na educação de nossas crianças e jovens;
  • Compartilhamento de assuntos referentes a outras crianças e/ou seus familiares: cada família tem sua dinâmica, seus valores, sua rotina, suas expectativas com relação à escola. São relacionamentos únicos que se estabelecem e que precisam ser respeitados e preservados;
  • Compartilhamento de informações sobre acontecimentos na escola: questões às vezes simples, que deveriam ser resolvidas no âmbito da escola, têm se tornado mais complexas, em função de ruídos de comunicação que muitas vezes surgem nesses grupos. Informações desencontradas ou equivocadas, recortadas de um contexto, circulam com rapidez e despendem uma imensa energia, traduzindo-se em pouco ou nenhum benefício aos envolvidos;
  • Compartilhamento de percepções sobre decisões da escola: A escola é um lugar em que há gente formando gente! Sua rotina complexa e multifacetada necessita ser analisada de maneira cuidadosa para orientar decisões e procedimentos. É fundamental que dúvidas, inquietações e possíveis divergências retornem diretamente para a escola para que possam ser trabalhadas de forma assertiva;
  • Compartilhamento sobre lições e atividades de responsabilidade dos filhos: faz parte da construção da autonomia das crianças e jovens, que eles registrem e tenham responsabilidade sobre seus compromissos. É preciso que pais tenham cuidado para não acabar assumindo papéis que são de seus filhos como estudantes;
  • Uso de palavras inadequadas entre adultos: divergências de opiniões, múltiplas ideias são saudáveis e fazem parte de qualquer grupo. Em alguns momentos surgem conflitos entre pais e percebe-se o desrespeito às regras de civilidade. Formas de tratamento inadequadas acabam ocupando o espaço virtual sendo que, provavelmente, não ocorreriam se as pessoas estivessem conversando frente à frente.

Ideia

Pensando em como poderiam colaborar para que os grupos de WhatsApp pudessem ser melhor aproveitados, várias sugestões de procedimentos foram feitas e surgiu a ideia de pais fazerem um comunicado para os demais pais de nossa escola para sugerir regras de conduta para esses grupos. Pretendemos desenvolver essa ideia!

Ao integrar grupos, devemos sempre pensar sobre qual o benefício que pode trazer para o aluno e a família. Devemos viver, plenamente, a cidadania digital, colocando a tecnologia a serviço da Educação. Afinal, somos nós, os adultos, as grandes referências de nossos filhos e alunos!

Atenção, estímulos e comportamento: desafios das tecnologias da informação e da comunicação

by Colégio Rio Branco 22. maio 2015 14:49

Tecnologia. Autonomia. Hiperatividade. Controle. Cidadania Digital. Todos esses temas surgem quando pensamos nos desafios que as tecnologias da informação e da comunicação nos apresentam.

Costumamos falar: “no meu tempo era assim” ou “na minha época isso era diferente”. Mas, é necessário saber que o tempo de agora é o tempo de todos: crianças, jovens e adultos.

Precisamos refletir sobre aspectos positivos e negativos da realidade em que a sociedade vive, com imensas possibilidades de tecnologia, informações e estímulos, pensando em que medida a família e a escola podem contribuir para que crianças e jovens desenvolvam atitudes de criticidade e autonomia para viver nesse contexto.

Assim, nos dias 29 e 30 de abril, nas unidades Granja Vianna e Higienópolis, nos reunimos para trocar ideias sobre esses temas.

Inspirações

Em entrevista, o médico, psiquiatra e psicoterapeuta Augusto Cury fala da imensa exposição das crianças e jovens a informações de todos os tipos. Esse excesso tem causado o que ele identificou como Síndrome do Pensamento Acelerado, que causa, entre outros sintomas, agitação, irritação e dificuldade de concentração. Assista.

Confira, também, o vídeo “Desconectar para Conectar”, que ilustra como os eletrônicos fazem parte de nossa vida e como, muitas vezes, estamos desconectados da realidade.

Contexto

As questões que vivenciamos hoje acerca de temas como controle, limites e transgressão, são semelhantes às vividas antigamente, porém com mais intensidade e abrangência. Por exemplo, há menos de duas décadas, falávamos sobre os possíveis efeitos nocivos da televisão para as crianças.

Com as tecnologias da informação e da comunicação, já identificamos inúmeros benefícios, como estar em contato com pessoas de todo o mundo ou ter muito mais agilidade no acesso a informações.

Por outro lado, ainda não podemos prever todos os reais impactos e resultados dessas ações. Por exemplo, já existem estudos que demonstram que o perfil e a qualidade do sono foram afetados com todos esses aparelhos ligados ao nosso redor - TV, telefone, celular e Wi-Fi.

Precisamos pensar se nossas crianças e jovens estão preparados para ter acesso a todas as informações disponíveis. Após as redes sociais, já sabemos que muitos conflitos e questões são antecipadas levando nossos filhos e alunos a uma precocidade: o que acontecia na faculdade, agora acontece no Ensino médio; o que acontecia no Ensino Médio, passa a acontecer no Ensino Fundamental II; o que acontecia no Fundamental II, hoje acontece no Ensino Fundamental I.

Celular

Em nosso encontro, dedicamos uma especial atenção à questão da utilização de celulares. Esse equipamento está presente em todos os momentos e locais e isso acarreta em diversas questões.

São inegáveis os benefícios da telefonia móvel. Mas, por outro lado, os celulares estão tão presentes na vida da grande maioria das pessoas, que não sabemos mais ficar sem fazer nada. Com o celular, muitos estímulos são criados a todo o tempo – ligações, jogos, Whats App, Facebook – e acabamos entrando em contato com a hiperatividade.

Ao darmos um celular para nossos filhos, é preciso estabelecer claramente os limites, respeitando as características de cada família. A opção de não dar celular até determinada idade, também deve ser uma decisão da família. Por isso, o fato de algumas crianças não terem celular deve ser encarado com naturalidade.

Celular na escola

O Colégio Rio Branco tem buscado, ao longo dos anos, junto aos professores, novos conceitos de aulas, que possam manter a atenção e construir  ricos processos  de aprendizagem. Nesse sentido, o uso do celular pode ser recomendado para algumas aulas devidamente planejadas. Nos demais momentos de aula  o celular deve estar guardado. Nos intervalos o celular é permitido, entretanto incentivamos que as crianças  brinquem e interajam presencialmente,  com os colegas. Na gestão de conflitos o celular tem um papel importante pois possibilita a criança e o jovem acessar seus pais para tratar de coisas que poderiam ser resolvidas no contexto escolar, sendo os pais acessados se fosse necessário.  Mas a questão é tão complexa, que muitas vezes os pais ligam para os filhos no celular durante o intervalo, estendendo as relações de dependência com as famílias.

Criando autonomia e criticidade

Nós, adultos, na escola e na família, precisamos tomar consciência da realidade em que vivemos em relação às tecnologias da informação e da comunicação, criando visão do que é correto ou não, pois o maior risco é a banalização das atitudes, dos valores. Só assim conseguiremos oferecer às crianças e jovens orientações seguras. No Colégio Rio Branco, investimos na  Cidadania Digital visando a aproveitar todas as oportunidades que as Tecnologias da Informação e da Comunicação oferecem  e desenvolver  autonomia e criticidade quanto ao seu uso.

Saiba mais

O Common Sense é um site que tem o objetivo de apoiar crianças, pais e professores com informações e ferramentas para a utilização segura e produtiva da mídia e da tecnologia.

Confira o artigo "Estímulo demais, concentração de menos. Estamos enlouquecendo nossas crianças", de Fabiana Vajman, postado no Blog Pais que Educam, da pedagoga Pamela Greco.

Selecionamos algumas sugestões de leitura com orientações para o uso de Internet e aparelhos móveis por crianças, disponibilizadas pela Central de Proteção e Segurança da Microsoft.

Proteção para a Família

Como ajudar seus filhos a usar sites sociais com maior segurança

Orientações por faixa etária para uso da Internet por crianças

Ensine às crianças os fundamentos de segurança online

Ensine as crianças sobre o ódio e as informações incorretas na Internet 

Ajude a proteger seus filhos contra bullying online

Segurança em celulares para crianças