Competências não-cognitivas: como valorizá-las e estimulá-las

by blogAdmin 10. abril 2014 16:54

Estivemos reunidos no Encontro com a Direção, nos dias 01 e 03 de abril, nas unidades Granja Vianna e Higienópolis, para falar sobre a importância da valorização e do desenvolvimento das chamadas competências não-cognitivas das crianças e jovens.

Este tema é atual e se apresenta como um desafio para a escola e para as famílias. As principais competências não-cognitivas são determinação, colaboração, sociabilidade, controle emocional, protagonismo e curiosidade, e a escola e a família precisam saber quais são seus papéis no desenvolvimento de cada uma delas.

Recentemente, abordei esse tema em meu artigo “OECD publica os primeiros resultados do PIAAC: O PISA para adultos”. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico inaugurou uma nova série de publicações denominada OECD Skills Outlook (OECD Visão Geral de Competências), baseada no pressuposto de que o mercado de trabalho e as economias mudaram com as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) e que sociedades hiperconectadas e economias, cada vez mais, baseadas no conhecimento, demandam novas competências de seus cidadãos, de modo que sejam, plenamente, produtivos e participativos nesse novo contexto de rápidas mudanças.

Em 2013, foi publicada a primeira pesquisa de competências de adultos denominada PIAAC (Programa Internacional de Avaliação das Competências Adultos). O estudo teve, como público-alvo, pessoas de 16 a 65 anos, residentes no país na época da coleta dos dados, independentemente de nacionalidade, cidadania ou nível de linguagem. Mediu as denominadas competências em processamento de dados, que envolvem o nível de proficiência em: letramento, ou seja, leitura e compreensão na língua materna, cálculo e resolução de problemas em contextos altamente tecnológicos. São mensuradas, também, competências genéricas como cooperação, comunicação, organização do próprio tempo e capacidade de aprender.

Assim, as competências têm impacto nas chances de os indivíduos transformarem suas vidas, terem prosperidade e se sentirem parte da sociedade. Cidadãos com baixa proficiência em letramento e cálculo tendem a ser deixados para trás na sua participação econômica e social. Da mesma forma, países com cidadãos com baixa proficiência perdem competitividade num mundo cuja economia está baseada em competências.

Qual é o nosso papel?

Cabe à escola criar, na sala de aula, espaços de aprendizado diferenciados, e aos adultos, serem os exemplos na construção de valores, da ética e da moralidade.

As competências não-cognitivas são desenvolvidas nas relações interpessoais e é importante que, na formação dos indivíduos, eles se sintam como parte produtiva das equipes, que saibam atuar com metas, determinação e vontade de evoluir, pois, assim, poderão intervir na sociedade de forma competente.

Pais com filhos em diferentes idades puderam trocar ideias e experiências de como, no dia a dia, favorecem ou dificultam o desenvolvimento das competências não-cognitivas das crianças e jovens. Ensinar os filhos a lidar com frustrações e exercitar a disciplina e perseverança  para alcançar os objetivos foram algumas das ações  levantadas. Outro aspecto que surgiu foi o excesso de proteção como elemento que não favorece o desenvolvimento de competências socioemocionais.

O Colégio Rio Branco trabalha valorizando essas competências em diversas oportunidades, com crianças, jovens e adultos: nas salas de aula, nas diferentes oportunidades de interação entre alunos e entre alunos e professores e demais adultos da comunidade escolar; nas avaliações profissionais dos docentes, que ocorrem duas vezes por ano; nas reuniões semanais de trabalho; e nas interações cotidianas dos envolvidos no processo educativo.

Não se trata de abrir mão das competências cognitivas. Ao contrário: trata-se de agregar a essas as competências socioemocionais.

A escola acredita na diversidade, pois ela é matéria prima para o desenvolvimento de competências socioemocionais. A vida produtiva adulta acontece na diversidade de pessoas, com seus estilos, características, diferentes formas de aprender e de se comunicar, crenças, posicionamento político ou religioso, dentre tantos outros aspectos. Nesse sentido, organizar, por exemplo, os alunos por rendimento escolar, embora possa parecer ser eficiente em alguns aspectos, não proporciona às crianças e jovens experiências próximas ao que eles vivem em sociedade.

Mais referências

As discussões do nosso encontro tiveram como apoio o vídeo do Prêmio Nobel James Heckman. Assista!

Leia o artigo da diretora-geral do Colégio Rio Branco, Esther Carvalho, “OECD publica os primeiros resultados do PIAAC: O PISA para adultos”.